Jesus está chegando. Davi planeja construir uma casa para o Senhor, na primeira leitura. São Paulo mostra, na segunda leitura, que Jesus é a manifestação do mistério que todos esperavam. Já o Evangelho centra na figura de Maria o sim que trará a salvação para toda a humanidade.

 

O texto da primeira leitura (2Sm 7,1-5.8-12.14.16) se passa depois que o povo hebreu atravessa o deserto e se estabelece na terra prometida, sendo, nesse momento, governado pelo rei Davi. O rei se dá conta da incoerência de viver em um palácio, enquanto a arca da aliança, que representa toda a ligação do povo com o Senhor, continua sendo guardada numa tenda, resolvendo, então, construir uma casa para Deus. Através do profeta Natã, o rei recebe a mensagem de que não será ele, Davi, quem construirá uma casa para Deus, mas Deus quem construirá uma casa para Davi.

 

A palavra casa, então, toma dois significados. A casa que Davi quer construir para Deus é um templo de pedra, a exemplo das moradias e palácios da época. Sabemos que Davi não viverá para construir o templo de Deus, mas que sua ideia será posta em prática por seu filho, Salomão. Já a casa que Deus construirá para Davi é uma descendência, que o Senhor promete que será uma realeza eterna. Correndo a história bíblica para frente, podemos ver toda a genealogia de Jesus  no Evangelho de Mateus (Mt 1,1-16) e temos a certeza de que Jesus é esta descendência, que se configura uma realeza eterna, como prometido a Davi através do profeta Natã. 

 

No mesmo sentido, a carta de São Paulo aos Romanos (Rm 16,25-27) reforça que Jesus Cristo é o messias que todos estavam esperando e que é através d’Ele que temos toda a revelação, toda a compreensão dos mistérios, por isso devemos sempre louvá-Lo.

 

O Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38) nos traz o momento da anunciação do anjo Gabriel a Maria. Historiadores nos indicam que Maria tinha cerca de 15 anos nesse momento e, como muitas meninas da época, estudava religião nas sinagogas e também esperava pela vinda do Messias. Vê-se que não era uma menina ingênua, porque ela medita sobre o significado da saudação do anjo e o questiona sobre como acontecerá a gravidez, já que ela ainda é virgem.

 

O contrato matrimonial neste período se dava em duas etapas, num primeiro momento já havia um acordo entre as famílias, o casal ainda não morava junto, mas não seria um escândalo social se a moça aparecesse grávida. Era nesta situação que se encontravam Maria e José.

 

Vamos imitar Maria e refletir sobre a saudação do anjo. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”. Estamos a poucas horas da chegada de Jesus, momento de nos alegrarmos, porque a presença de Deus é motivo de alegria em nossas vidas, onde está Jesus há alegria! Alegra-te, o Senhor está contigo! 

 

E o que significa Maria ser cheia de graça? Se pensarmos num copo transbordando de água, não há nenhum espaço para o ar. Se Maria está cheia de graça – e graça é o oposto de pecado -, significa que não há nenhum espaço para pecado na vida de Maria. E isto acontece porque Deus a preparou para ser a mãe do nosso Salvador.

 

Mas precisamos ainda refletir sobre mais um ponto deste diálogo de Maria com o anjo, a resposta. Maria, como todos nós, é dotada de livre arbítrio e poderia recusar a missão que o anjo lhe traz, mas não o faz. Ela para, reflete e diz  “Faça-se em mim segundo a Tua palavra”, este é o sim mais importante da história, o sim que permite que Deus se encarne no meio de nós e nos traga a salvação. Por isso te convido a imitar Maria neste Natal e dar o seu sim para que Jesus nasça em seu coração.

 

Ana Carolina Paiva Angelo

São Paulo – Brasil