QUARTO DOMINGO DO ADVENTO 2021

“O POVO QUE VIVIA NAS TREVAS” VIU JORRAR A ESPERANÇA.

Advento é tempo de espera. Gerações inteiras aguardando a chegada do Messias, como o agricultor que depois das chuvas planta e espera germinar a semente. Os profetas já haviam anunciado a chegada do Messias.

Todas as nações, jovens, mulheres, homens, crianças esperam um novo tempo. Ele vem como o sol que surge no horizonte, seu clarão ilumina os quatro quantos do mundo. “Como o sol nasce da aurora de Maria nascerá Aquele que a terra seca em jardim converterá”. Brotarão nascentes de água corrente.

O Tempo do Advento ressoa o clamor de quem espera a humanidade restaurada. “Maranata”. “Vem, Senhor Jesus”. Ele aparece como uma gazela caminhando pelo cerrado. ‘Da terra seca brota uma flor’. É a “Tenda” de Deus entre nós.

A liturgia de hoje é um jeito, um método proposto como preparação das testemunhas do nascimento do Filho amado de Deus. O Messias desejado. O encontro de Maria com Isabel destaca a conexão profunda entre o ministério de João e o de Jesus. Maria a primeira discípula: “Bem-aventurada és tu que acreditaste, porque se cumprirá o que te foi dito pelos profetas”. Maria se deixa engravidar e a Palavra de Deus toma forma humana no corpo sagrado da jovem que abriu seu coração para acolher a Vida Divina. Ela acreditou e o “Verbo se fez Carne”.

Do seio de Maria vem a salvação para todas as gerações. Por isso, a temos como mãe da humanidade. A nova Eva que vence o dragão. No Evangelho de Lucas, o Espírito Santo ilumina nosso coração e mostra a identidade de Jesus. O Filho de uma Mulher que tem compaixão para todas as gentes. Como dizia Santo Agostinho: ”Ó beleza perfeita”. Santa Maria Eugênia completa: “Venha teu Reino” de paz de justiça, ternura e amor sem limite. Maria e Isabel são geradoras de um novo “Tempo”. Assim fala o profeta Miqueias: “Um novo tempo será inaugurado”, vindo com a participação de uma mulher do povo, de um lugar chamado Nazaré.

Na primeira leitura fazemos caminho com o profeta Miquéias (Miqueias 5,1-4a) e deparamos com alguém que está preocupado com o comportamento rebelde do povo de Israel, povo escolhido e preferido por Deus. O profeta vem com uma mensagem de esperança. Miqueias é do século VIII a.C., tempo em que o povo do campo sofria debaixo do poder dos grandes donos das terras. A disputa pela dominação do campo era muito forte por parte da burguesia dominante. Com isso, cresciam a violência, a presença militar, a cobrança dos impostos, roubos, escravidão, exploração, injustiça para com os pequenos; tempo de muita penúria para as populações campesinas. Situação que continua até os dias de hoje como a ganância do poder econômico.

Miqueias anuncia, nessa situação, a chegada do enviado de Deus; dando novo ânimo para o povo que sofre; anuncia a esperança que chega como a “brisa leve”. Deus é fiel ás promessas anunciadas pelos profetas e profetizas. Com certeza algo novo virá e a paz desejada retomará seu lugar junto aos que creem. A aliança de Deus não será rompida, pois Ele é fiel e sua fidelidade é eterna.

O Salmo 79 apresenta o grito contemplativo e confiante do povo que acredita no Pastor que tem “cheiro” de ovelha e ilumina quem está em trevas. “Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos para que sejamos salvos”. E assim, a nação pecadora toma consciência de suas falhas e retoma a proposta de salvação.

Segunda leitura (Heb 10,5-10) tem o formato de uma carta dirigida a uma comunidade, na maioria de origem judaica. Nela Jesus é apresentado como sumo sacerdote da Nova e Eterna Aliança. O mediador entre Deus e o povo escolhido. A carta mostra o ponto central da fé: Jesus é o verdadeiro sacerdote, o Filho amado do Pai que veio para revelar o rosto materno e terno de Deus, que quer o bem de todas as nações. O encontro com o Senhor se dá através da vivencia do amor fraterno, amor sem fronteira, amor sem limite.

O texto do Evangelho de hoje (Lc 1,39-45) nos fala da visita de Maria a sua prima Isabel. Embora duas conhecidas, pois eram “primas”, neste encontro elas descobrem, uma na outra, o mistério que ainda não conheciam e que as encheu de muita alegria. Maria canta, proclama a grandeza e maravilhas do Criador, descobre o mistério de Deus na pessoa de Isabel e também na história do seu povo. Maria e Isabel nos surpreendem pela sabedoria e pelo testemunho de fé.

Alargando nossa reflexão: Com quais palavras Maria expressa a presença de Deus em sua vida e na vida do povo?  Digamos que, no texto de Evangelista Lucas estão presentes as comunidades do seu tempo, espalhadas pelas cidades do império romano. Para ele, Maria é o espelho da comunidade fiel.

A visita de Maria a Isabel, dá uma dica de como se pode transformar a presença de Deus em ação nos tempos de hoje: serviço aos irmãos e irmãs necessitados, de diversas formas. O Cântico de Maria evoca também uma grande celebração, o ambiente litúrgico e celebrativo, que as comunidades realizam para manter sua fé no Deus encarnado na realidade humana.

Maria de Nazaré viaja mais de 100 quilômetros para servir sua prima maior, que também estava gravida. Não havia ônibus nem trem, mas ela vai. Quando se tem uma missão, é necessário se pôr a caminho, mesmo que a estrada seja longa e difícil. Quem aprofunda a Bíblia, afirma que Isabel representa o Antigo Testamento, que chega ao fim. E Maria é o Novo que começa para toda a humanidade, o rosto de Deus revelado ao povo de Israel. Duas Mulheres e duas vidas em formação Divina. O Espirito Santo atuando na história, trazendo de volta a aliança que havia sido quebrada. A fidelidade de duas mulheres recupera a Boa Nova de um Deus que se faz criança para tocar os corações que se perderam no desenrolar da história. É aqui que todos nós devemos descobrir os sinais do Reino de Deus. Reino escondido em cada pessoa que acredita e vive sua fé como testemunha.

O pronunciamento de Isabel, não se perdeu com o passar do tempo. E hoje faz parte do salmo cantado e rezado na América Latina, a “Ave Maria”. ”Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer”. Lucas passa a notícia para as comunidades e para nós que cremos na Palavra que se tornou carne. “E o verbo se fez Carne e habitou entre nós”. Palavra geradora de vida nova no ventre de uma virgem; representante do povo pobre e abandonado que acolhe com fé a mensagem de esperança. Vivamos dessa luz que brilha nas trevas, e afasta a escuridão da morte. Quem acredita afirma com fé: “nem a tribulação, nem a fome, nos separará do Amor de Deus”. A entrega de uma mulher é firme como uma cachoeira que jorra água cristalina e corrente. Isso confirma o que disse Maria: “Faça-se em mim segundo tua Palavra”.

Irmã Maria Teixeira filho, RA.

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