A FESTA DA VIDA

Os olhinhos da criança brilhavam de surpresa e de alegria… A mãozinha estava tapando a boca, como para impedir um grito que quebraria a magia do momento… Ela estava no fundo do quintal da casa de sua avó, longe do barulho da cidade onde morava… E, naquele exato momento, assistia a um milagre da vida: um dos ovos que a galinha estava chocando se rachava, e de lá aparecia a cabeça de um pintinho amarelo que estava acordando para a vida…

No dia seguinte, já em casa, seus olhinhos brilharam de novo, desta vez diante de um grande ovo de Páscoa de chocolate que sua mãe desembrulhava… A criança era ainda pequena demais para entender o simbolismo das duas cenas nas quais ela tinha sido um personagem… De fato, costumamos dar, e também receber, ovos nesta época do ano. São ovos de diversos tipos e tamanhos: ovos de verdade, mas pintados, enfeitados, ou ovos de chocolate, que movimentam o comércio e alegram crianças e adultos…

Sim, estamos no tempo da Páscoa. Mas, por que os ovos? O ovo é um símbolo da vida contida dentro de uma estrutura. Chega um momento em que esta vida se torna maior do que o que a contém, e ela surge, forte e bela, quebrando a estrutura e deixando-a para trás. Por essa razão, desde há muitos anos atrás, surgiram os “ovos de Páscoa”. Eles nos lembram que em Jesus a Vida se mostrou mais forte do que a morte. Depois de crucificado e sepultado, ele ressuscitou e se mostrou a seus discípulos e seguidores.

Esta é a grande verdade que celebramos na festa da Páscoa: a Ressurreição de Jesus. Nós, cristãos, cremos que Jesus ressuscitou. Nisto se baseia a nossa fé, como diz São Paulo em sua Primeira Carta aos Coríntios: “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé” (1Cor 15, 15). Cremos na Vida, cremos que a Vida vence a morte, cremos que somos chamados por Deus para uma vida que não tem fim.

No último dia do mês passado, celebramos o domingo da Páscoa, a festa da Ressurreição de Jesus. Estamos num tempo de alegria, de celebração da vida. Não somente de nossa vida biológica, mas deste grande impulso vital que nos move para um contínuo crescimento como pessoas. Todos nós temos um ideal em nossa vida. Esse ideal não se limita ao que podemos fazer, mas abarca o que podemos ser, em que podemos nos tornar. Cada um de nós tem a capacidade e a possibilidade de ser melhor…

Que tal fazermos, neste tempo pascal, uma reflexão sobre como podemos viver mais intensamente? Quais os valores que mais prezo? Estou me esforçando para crescer neles? Como posso me tornar mais atento aos outros? Como posso valorizar mais as pessoas com quem convivo? Como posso me tornar uma pessoa mais prestativa? Como posso desenvolver ainda mais as qualidades e capacidades que tenho? Como posso me tornar mais agradecido à minha família e a meus amigos? Como posso ser mais amável para com todos? Como posso espalhar mais alegria ao meu redor? Como posso…….?

Essa reflexão pode nos levar longe… O importante é perceber que Deus dotou a cada um de nós com muitos dons, com muitas qualidades e capacidades. Mas elas precisam ser cultivadas para que a vida se manifeste em nós com mais brilho e intensidade. Esses dons, essas qualidades, nos são dadas como sementes que precisam ser cuidadas, cultivadas, para que possam dar frutos. Cada um de nós, como todos os seres humanos, fomos criados à imagem e semelhança de Deus. É preciso que irradiemos essa imagem, essa semelhança. Isto acontecerá se nos dispusermos a nos renovar, isto é, a dar novo vigor a tudo o que temos de positivo em nós.

Nossa mestra de vida, Santa Maria Eugênia, fala muito sobre “renovação”. Várias vezes, quando ela falava às primeiras Irmãs ou escrevia a pessoas amigas, ela volta a esse tema. Vejamos algumas dessas falas:
“O tempo da Páscoa é um tempo de renovação. A Páscoa é uma passagem. A festa da Páscoa deveria ser para nós uma sucessão de renovações em nossa vida, de tal maneira que, em cada ano, essa data marque o início de uma vida nova” (1864).
“Durante esta vida, é transformação. Vejam a lagarta, antes de se tornar borboleta. Ninguém gosta de olhar para uma lagarta… Mas, dentro em pouco ela será uma linda borboleta. Assim também seja conosco” (16/04/1871).
“Que seja esta a alegria da Páscoa: algo profundo que nos transforma” (13/04/1879).

É interessante notar que estas três citações de Santa Maria Eugênia não foram feitas no mesmo momento. Entre elas, há um espaço de quinze anos, de 1864 a 1879. Este longo espaço mostra que “renovação”, “transformação”, “Páscoa” e “vida nova” são conceitos que se entrelaçam e que permanecem fortes em seu pensamento.

Santa Maria Eugênia conhece bem a realidade humana… Ela sabe que precisamos estar continuamente atentas para não nos estacionar em algum ponto da caminhada de nossa vida. Quem para no caminho não somente não vai em frente, mas acaba indo para trás, retrocedendo… 

Para não cairmos nesta armadilha, ela nos propõe uma contínua transformação, uma renovação constante. E ela associa essa renovação à vivência deste tempo que estamos vivendo agora, do tempo da Páscoa. Renovar-nos, transformar-nos, é viver “uma vida nova”. E o que será essa “vida nova”? É nos tornarmos melhores do que éramos antes.

O tempo da Páscoa é o tempo propício a esta renovação. Por isso, Santa Maria Eugênia nos estimula a vivermos a festa da vida, que é a Páscoa, dando mais qualidade à nossa própria vida. Em outras palavras, esforçando-nos a crescer como pessoas.

Antes de ressuscitar, Jesus passou pela morte na cruz. Para nós, o processo de renovação, quebrando nossas próprias estruturas para entrar numa vida nova, pode ser penoso, difícil, sofrido. No entanto, é a condição para podermos celebrar a festa da Vida… 

Procuremos viver esta passagem, que é a Páscoa. Passagem para uma vida nova. Passagem para mais vida. Passagem, com Jesus Ressuscitado, para uma vida mais plena e renovada.
Façamos esta passagem juntas e juntos. Viva a Vida! Celebremos a festa!

Irmã Regina Maria Cavalcanti

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