“Devora-me o zelo pela Tua casa”

As leituras deste Terceiro Domingo da Quaresma nos trazem importantes reflexões sobre o nosso papel de cristãos diante da comunidade onde estamos e perante nós mesmos na nossa relação com Deus: Amo a Deus ou sou assecla dos “deuses” do mundo de hoje?

Percebemos na Primeira Leitura (Ex. 20-1, 17) a importância do Decálogo entregue por Deus através de Moisés como “regras de vida” para que o povo judeu atingisse o objetivo maior de segui-Lo. Sem comprometer o livre arbítrio, observamos que o decálogo é um alinhamento com a convivência em comunidade e também um compromisso Dele para com os que o seguem, quando deixa bem claro a recompensa que nos espera: “uso de misericórdia até a milésima geração para com aqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos”.

Na Segunda Leitura há uma ratificação na fala de Paulo (Cor, 1-22) quando diz aos judeus – que esperam milagres; e aos gregos – que querem sabedoria filosófica: “somente Cristo é o poder e a sabedoria de Deus”. Essa busca da explicação humana para justificar ou aceitar o Divino tem permeado a humanidade por todos os séculos desde sempre. No salmo percebemos a confirmação de que: “A lei do Senhor é perfeita / Ela reconforta a alma” – seguir esta Lei nos leva a um caminho de retidão e não de obrigação, mas virtude.

O Evangelho de João (2, 13-25), embora curto, é um dos mais importantes – por trazer a figura dos “vendilhões no Templo” e confirmar a profecia “Devora-me o zelo pela Tua casa”. Jesus neste momento demonstra a sua autoridade sobre a “posse” e o uso correto do local sagrado de culto ao Pai, além de firmar-se como defensor daqueles que realmente vem prestar seu culto, sacrifício e devoção ao Criador. Aqueles, à margem da sociedade mercantilista da época, sem as benesses que os sacerdotes auferiam pelo (mau) uso do Templo; ou os favorecimentos dos cambistas que se locupletavam com a moeda específica ali usada.

Num gesto de (quase) violência Jesus – como bem relata o texto santo – “Fez então um chicote de cordas e expulsou-os… deitou por terra o dinheiro dos cambistas… derrubou-lhes as mesas…”. Foi claro e determinado ao fazê-lo: esta é a Casa de meu Pai. O culto que devemos prestar-lhe é pelo espírito e não pelo material – no que confirma o decálogo do Livro do Êxodo: “Não terás outros deuses além de mim”. Não é um pedido é uma determinação. Traduzido para o nosso linguajar é o primeiro dentre os dez mandamentos: “Amarás a Deus sobre todas as coisas”.

E nós? A que Deus amamos? A sociedade nos impõe diversos deuses: reconhecimento social, exposição na mídia, o status financeiro, o ter acima do ser, etc. A qual destes deuses servimos? Ou ao Deus único e verdadeiro? Neste momento quaresmal é importante refletirmos – e junto com Santa Maria Eugênia partilharmos: “Procurar dizer a todos alguma coisa que leve a estabelecer o Reino e ao amor de Jesus Cristo” (1878). A passagem do Novo Testamento tem uma significância muito importante para nós Cristãos, nos auxilia a discernir se estamos a serviço do Reino e se faremos parte da Aliança seja através das regras, do alinhamento com os mandamentos sociais e de convivência humana conciliados com o Divino. Respeitado o livre arbítrio, mas fundamentado na misericórdia esperada. 

Feliz caminhada rumo à Páscoa a Todos!

Aderson Castro.

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