No primeiro dia da semana, Maria Madalena, foi ás pressas ao túmulo de Jesus. Viu a pedra removida do lugar onde tinham colocado o Corpo do grande amigo. Voltou ao encontro dos discípulos e contou o episódio que acabava de ver com os próprios olhos: “pedra retirada e túmulo vazio”. Aqui aparecem reações diferentes entre as primeiras testemunhas do Ressuscitado: Maria Madalena, provavelmente com outras mulheres, anuncia e chama mais testemunhas. Quem chegou depois, fixa o olhar nos panos que estavam no túmulo. Mas há quem acredita sem ver e dá o salto da fé. A morte foi vencida. Cristo ressuscitou, está vivo entre nós.
A Festa da Páscoa, celebrada hoje é a realização da nova Aliança que Deus fez com os nossos antepassados e agora se torna a realização suprema de sua promessa.
Todas as leituras expressam a exultação da grande novidade: a passagem da morte para a vida. Nós acreditamos e podemos cantar com o salmista: “Este é o dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos”! (Sl 117,21). Celebrar a Ressurreição de Jesus é acreditar que nós também ressuscitaremos com Ele. “Aquele que crer em mim viverá”. (Jo,11,26). Os sinais da ressurreição se dão no cotidiano da vida sobre a terra, “lugar de glória para Deus” como dizia Santa Maria Eugênia de Jesus.Com a Ressurreição, Jesus restaura toda a Criação para o bem da humanidade, ergue o caído e faz florir jardins de todas as cores. Aí explode o ALELUIA, O SENHOR RESSUSCITOU VERDADEIRAMENTE! ALELUIA!
Na primeira Leitura (At.10,34.37-43) encontramos o trabalho catequético de Pedro na residência de Cornélio. Pedro abre as portas da comunidade para novas práticas. A boa nova da ressurreição precisa chegar e atender às necessidades dos judeus e dos pagãos. Com Pedro a missão vai chegar até a Palestina. A pregação dos discípulos se expande para a Samaria (At.8-12) e chega aos não judeus.
As primeiras comunidades, protagonistas do cristianismo, assumiram a fé e a transmitiram aos outros. O que sustentava a comunidade era a experiência de fé no Jesus vivo. Essa certeza venceu as barreiras e atravessou os séculos e veio até nós para que avancemos com o mesmo entusiasmo e a certeza das primeiras comunidades cristãs. Como Paulo e Pedro, podemos atualizar o Evangelho no hoje, no aqui e agora, em vista de um novo tempo. Segundo a proposta do Papa Francisco na Evangelit Gaudium: “Quando se assume um objetivo pastoral e um estilo missionário, que chegue realmente a todos sem exceções nem exclusões, o anúncio concentra-se no essencial, no que é mais belo, mais importante, mais atraente e, ao mesmo tempo, mais necessário. A proposta acaba simplificada, sem com isso perder profundidade e verdade, e assim se torna mais convincente e radiosa” (EG.35).
Assim, o Evangelho atravessará as fronteiras para chegar ao coração da humanidade. Quando o Ressuscitado será o Senhor por excelência, de todos os povos e nações. Transbordando essa fé, Santa Maria Eugênia de Jesus nos deu também a missão de trabalhar para a extensão do Reino de Deus.
A segunda Leitura (Cl. 3, 1-4), carta dirigida à comunidade dos Colossenses, fortalece a credibilidade das pessoas na ressurreição de Jesus. Quem faz a experiência do Ressuscitado, está atento às coisas de Deus e se torna nova pessoa. É a mudança vinda de dentro do coração, obra de Deus, que ajuda na transformação de toda humanidade. O encontro, pessoal, comunitário e todo o Universo com o Ressuscitado traz mudanças de valores; e o Cristo se torna o centro de tudo.
No texto do Evangelho de hoje, Maria Madalena vai em busca de Jesus. Segundo alguns estudiosos, ela foi a primeira pessoa a ir chorar no sepulcro. Ela sai bem cedo antes do dia clarear. Estava escuro. Ela vai sem medo, levada pela dor da perda e a esperança de estar com Jesus. Seu olhar tinha uma única direção: encontrar o seu Senhor. Ao ver o túmulo vazio, retorna à comunidade para anunciar o fato. Nesse episódio, se entende que Jesus está livre de qualquer amarra.
A grande verdade é que o Senhor nunca abandona seus seguidores. Onde tudo parecia ter chegado ao fim, na verdade é o início de um novo tempo. Agora se tem a certeza de que Deus está com a humanidade, Ele agiu como havia prometido. A tristeza, o sofrimento, a noite escura e sombria não nos afastam da fé e da esperança. Sentimos que a novidade de Deus desabrocha do chão e da realidade do nosso povo, por mais dura que ela seja. Não é essa pandemia que vai enfraquecer a fé no Ressuscitado. A vida venceu a morte e a morte não tem mais poder sobre a vida. Jesus é fiel, sua promessa não falha. Vai passar o que nos amedronta. O Ressuscitado nos levará a luz, “da cruz a luz”. Que essa pandemia não nos roube a fé, a esperança e a certeza da vitória com o Jesus vitorioso.