ALEGRAI-VOS, ELE ESTÁ BEM PERTO!

Temos motivos suficientes para celebrar no tempo do Advento o domingo da alegria, mesmo diante de um mundo ferido pelas guerras e a devastação da natureza, ainda. A alegria vem esperançar a vida de mulheres e homens do nosso tempo. A liturgia do terceiro domingo do Advento propõe um clima festivo, a cor rosa da veste litúrgica e a toalha do altar dão um tom alegre à celebração. A comunidade contempla a presença de Deus que se encarna com rosto humano, acredita no Messias que se faz presente na história. 

As leituras bíblicas de hoje revelam conteúdo que confirma o movimento alegre da celebração. Tempo da graça de Deus, da cura das feridas e a libertação da prisão. Santa Maria Eugênia de Jesus, falava que “O mundo é um lugar de glória para Deus”. Quer dizer, há espaço para cultivar o espírito alegre. Razão pela qual a liturgia de hoje está voltada sobre o tema da alegria. Não é uma alegria qualquer, mas, uma convicção alimentada pela fé. É Deus na pessoa de uma criança assumindo o jeito simples de ser, luz que afasta as trevas.

Na primeira leitura Is 61,1-2a.10-11, o profeta Isaias confirma a presença do Espírito de Deus dando forma e vida aos mais fracos e simples. A Boa Notícia chega de antemão a eles. Olhar nos olhos de quem está na sarjeta, compromete, o sentimento de compaixão e envolve a pessoa na missão liberadora que salva vidas ameaçadas pelas práticas injustas do mundo perverso que aceita um sistema excludente. Mesmo sabendo de tudo isto, é necessário cultivar com todo zelo o esperançar. Só assim, acontece a regeneração do universo: vestir-se das belezas de Deus, vivendo remido como obra Divina. 

Isaias, neste texto, substitui a cultura da morte pela credibilidade na vida, em Deus que jamais abandona sua imagem e semelhança desde o início da criação. O profeta Isaias retoma a história do povo judeu que voltava do exilio babilônio para a Terra da Promessa. Eles precisavam de levantar o ânimo e reorganizar o povo. É um tempo cheio de novidades para quem chega de um momento de sofrimentos. A Boa Nova é bem-vinda. A alegria deve ter tomado conta de quem chega de uma realidade dura. A situação muda totalmente. Fato semelhante está acontecendo nos dias de hoje, com o povo da Palestina quando consegue sair para outra região em busca da paz e segurança.

No salmo de meditação deparamos com um grito que veem do coração de quem busca Deus com confiança. O poeta compositor do Salmo, não teme em afirmar seus sentimentos que brotam do seu ser e canta a alegria que vem e reconhece a grandeza de Deus.

A segunda leitura, 1Ts 5,16-24, é um alerta em relação a orientação das Sagradas Escrituras: “Não despreze as profecias”. Tenham discernimentos, separe as coisas. O que é bom, partilhe para que a mensagem de Deus seja espalhada; assim o que for ruim será afastado para dar espaço às boas ações. Pois “Aquele que vos chamou é fiel, e realizará isso”.

O Evangelho, Jo 1,6-8.19-28, apresenta um episódio muito interessante sobre João Batista e o Messias esperado das nações. O Batista, voz que grita no deserto prepara a comunidade para receber a luz do mundo. É certo que a luz, não é o profeta. O profeta dá testemunha da verdade sobre a luz que veio a este mundo envolto nas trevas. A comunidade recebe do enviado por Deus o anuncio da Boa Nova da salvação. A missão do Batista é ajudar o povo sair das trevas para a luz. Jesus é a luz que veio afastar as trevas do coração dos grupos que aguardam a chegada do enviado por Deus. Isto implica estar a favor da vida em todas as dimensões humanas. O Evangelho de João, relata o testemunho do Batista como sendo o primeiro a dar certeza de que Jesus é o enviado do Pai para o mundo que andava nas trevas. Assim se pode afirmar que o batismo de água é a quebra com a instituição do judaísmo que tinha o centro do poder no templo de Jerusalém. Jesus vem trazer um novo tempo.

O Batista é testemunha ocular e revela sua identidade como enviado, sabendo que a luz não ele. Ele também espera pela libertação, é discípulo em busca da luz verdadeira que vem a este mundo. Aprofundado a reflexão sobre o texto do Profeta Isaias, o Deus que sustenta a fé da comunidade não compactua com a prática das injustiças, do racismo, da exclusão, da violência, da guerra, exploração, terrorismo, imperialismo, poder dominador, prepotência, dominação. É o outro lada da moeda. É o Deus dos pobres, dos injustiçados, dos pequenos humilhados e abandonados. A atuação de Deus passa pelo testemunho dos simples e sensíveis aos problemas do mundo moderno. Que espaço damos em nosso dia a dia para anunciar o Reino de Deus? Que sentido dou a vida? Meu “olhar está em Jesus Cristo e na extensão de seu Reino”, Como dizia Santa Maria Eugênia de Jesus? Como batizados e membros de uma comunidade, como me coloco a serviço da Palavra de Deus no mundo de hoje? Peçamos ao Senhor a graça de sermos prestadoras e prestadores de serviços, sem levar em conta posição relevante. A exemplo do Batista, haja vontade firme de fazer o bem sem esperar recompensa e elogio. Emprestemos nossa voz para estar a serviço da Palavra, da luz que ilumina as trevas deste mundo.

Irmã Maria Teixeira Filho RA      

Brasília 

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