SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR
21 de maio de 2023

             “Estarei convosco todos os dias…”

A Igreja celebra hoje a festa da Ascensão do Senhor. Estamos quase no final do Tempo Pascal. A festa de hoje nos faz ver a última aparição de Jesus Ressuscitado a seus discípulos. A liturgia de hoje, porém, não tem o tom de uma despedida. Os textos que a Igreja nos apresenta para esta festa têm um tom de alegria e de vitória. Vejamos porquê:

Jesus, uma vez cumprida a missão que o Pai lhe dera ao enviar seu Filho a este nosso mundo, sobe aos céus para junto de seu Pai, à vista de seus discípulos. É isto o que nos diz a liturgia de hoje. A cena da Ascensão nos é contada por dois de seus discípulos: Lucas, no segundo livro que escreveu, os Atos dos Apóstolos, e Mateus, no seu Evangelho. Estas duas narrações nos explicam a razão pela qual a Ascensão do Senhor não é o momento de uma despedida triste, mas um momento de incentivo para continuarmos a missão que foi a dele.

A Primeira Leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos (1,1-11), descreve a cena. Trata-se do início do livro que conta as ações dos apóstolos e dos primeiros discípulos, no início da história de nossa Igreja. Por isso, o autor começa fazendo uma ligação com o texto já escrito no Evangelho: “No meu primeiro livro, […] já tratei de tudo o que Jesus fez e ensinou…” Depois de sua Ressurreição, Jesus apareceu várias vezes a seus apóstolos e discípulos, para fortalecer sua fé. Nesta sua última aparição, ele promete aos seus o envio do Espírito Santo. O Evangelho de João também menciona esta mesma promessa, colocando-a em outro contexto e desenvolvendo o que João disse sobreo Espírito; Jesus promete que não os deixaria sós e que, de junto do Pai, enviaria o Espírito da Verdade, que recordaria e os faria entender melhor tudo aquilo que ele mesmo lhes tinha ensinado. Jesus também lhes disse que o Espírito lhes dará o poder e a força para darem testemunho de tudo o que tinham ouvido de Jesus: suas palavras, seu ensinamento, assim como sua maneira de viver, seu relacionamento com o Pai, a entrega de sua vida e a sua ressurreição. E este testemunho deveria ser dado até os confins da Terra… É baseada nesta ordem de Jesus aos seus que, através dos séculos, a Igreja tem cumprido a missão de anunciar a Boa Nova de nossa salvação a todos os povos da Terra.

O Salmo Responsorial (Sl 46) é um grito de alegria e de vitória: “ele subiu ao toque da trombeta… ele subiu entre aclamações de alegria!” “Ele é o grande Rei de toda a Terra… ele reina sobre todas as nações”. A vitória de Jesus sobre o pecado, o mal e a morte é nossa vitória também. Ele prometeu ir preparar-nos um lugar para que estivéssemos sempre com ele. A ida de Jesus, Deus e Homem verdadeiro, para junto do Pai é já a presença de nossa humanidade no Reino definitivo. Sua Mãe, Maria, o segue na sua Assunção, que é sua subida em corpo e alma para o céu. Jesus Ressuscitado e Maria nos mostram o futuro que nos espera: estarmos também nós ressuscitados no Reino de nosso Pai. Por isso, cantemos no coração um “aleluia” muito alegre.

Esta nossa esperança é o que São Paulo, na sua Carta aos Efésios (1,17-23), nos afirma na Segunda Leitura deste domingo. Nesse texto, ele deseja que Deus nos dê “um Espírito de sabedoria” que abra nosso coração para que saibamos “qual a esperança que o seu chamamento nos dá, qual a riqueza da glória que está na nossa herança com os santos”. Nossa herança é a vida eterna junto a Deus. O projeto de Deus é que seu Reino, que deve começar aqui na Terra na medida em que o Evangelho é vivido, culmine na eternidade, com todos os seus filhos e filhas reunidos. Por isso dizemos que somos herdeiros desta vida eterna, pois somos seguidores e seguidoras de Jesus. E seguidor, seguidora, é quem segue, vive, caminha segundo as palavras de Jesus.

O Evangelho (Mt 28,16-20) deste domingo é bem curto, mas muito denso. Nele, Mateus dá o seu testemunho sobre a Ascensão de Jesus. Ele não faz uma descrição da cena, como vimos na Primeira Leitura, mas resume a vivência daquele momento em duas palavras de Jesus que cada um, cada uma de nós, deve guardar no coração: um mandamento e uma promessa. O mandamento retoma, com outras palavras, o que ouvimos na Primeira Leitura, quando Jesus dizia aos seus que, quando tivessem recebido o Espírito, dessem testemunho dele. Agora, no Evangelho, Jesus diz claramente: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos”. Jesus dá aos seus a autoridade para batizar e ensinar tudo aquilo que ele mesmo lhes tinha ensinado. Cabe a eles agora transmitir a mensagem que tinham recebido. 

Este mandamento não era só para aqueles que estavam reunidos em torno de Jesus naquele dia… Era para todos os que se tornariam também discípulos através dos tempos… Era para nós também… “Toda pessoa tem uma missão sobre a Terra” – estas são palavras de Santa Maria Eugênia. A missão fundamental de todos nós é dar o testemunho de nossa fé. Mas este testemunho se reveste de maneiras e características diversas segundo a realidade vivida por cada um. Pense nisto: na sua vida de família, no seu ambiente profissional, junto às pessoas de seu entorno, você tem uma missão.

Neste texto, Jesus faz também uma promessa: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. Ele foi, mas não nos abandonou… Ele foi, mas não nos deixou. Ele continua presente no meio de nós. Quantas vezes, na celebração da Eucaristia, afirmamos: “Ele está no meio de nós” … Jesus está presente não somente na Eucaristia, não somente quando nos reunimos para rezar. Ele está presente no dia a dia de nossa vida. Ele está lá quando encontramos outra pessoa; ele está lá quando tomamos uma decisão; ele está lá quando assumimos uma responsabilidade… Procuremos estar atentos a esta presença de Jesus nas pessoas, nos acontecimentos… Procuremos tê-lo sempre presente em nossa vida. Ele mesmo disse ser o Caminho que nos leva ao Pai. 

Esta semana que antecede Pentecostes é também a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Somos muitos cristãos pelo mundo afora, somos muitas pessoas que acreditam em Jesus Cristo como o Filho de Deus feito Homem, nosso Salvador. Mas nem todos pertencemos à mesma Igreja. Situações históricas, falhas humanas, problemas diversos fizeram com que os cristãos se separassem em diversas confissões e cultos. Mas a vontade de Deus é que nos reconheçamos como irmãos e irmãs na mesma fé. Por isso, preparando-nos para a vinda daquele que é o Espírito da Verdade e da Unidade, rezemos nesta intenção.

E vivamos o que nos diz a Oração deste domingo: “Ó Deus, cheio de misericórdia, a Ascensão de vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar de sua glória”.

Irmã Regina Maria Cavalcanti – RA 

Brasília – Brasil 

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