A solenidade que celebramos hoje nos revela que Jesus concluiu sua missão e foi plenamente aceito pelo Pai. Ele retorna ao seio do Pai, não está presente fisicamente no mundo, mas continua presente pela ação do Espírito Santo. E esta presença se estende a todos os lugares, pelo testemunho dos seus seguidores e continuadores da sua missão.
No Brasil comemora-se no segundo domingo do mês de maio o Dia das Mães, dia em que recordamos as nossas mães aqui da terra (vivas e falecidas). Coincide também com o mês que recordamos a nossa Mãe do Céu, Nossa Senhora.
Possamos, nesse dia, nutrir por nossas mães sentimentos de amor inspirados em Nossa Senhora, a “mãe de Deus e nossa”.
O Livro dos Atos dos Apóstolos (Atos 1,1-11) é a segunda parte da obra de Lucas. A primeira parte da obra, ou seja, o Evangelho é conhecida como “tempo de Jesus”, a segunda parte é apresentada como o “tempo da Igreja”. Foi escrito no final dos anos 80, para as comunidades de língua grega nascidas da atividade missionária de Paulo. Essas comunidades que esperavam a volta iminente de Jesus, estão desanimadas porque isto não se concretizou.
Contra o desânimo e a falta de entusiasmo, Lucas vem lembrar às comunidades que é sua missão continuar a obra de Jesus através do testemunho.
O tema da Solenidade da Ascenção que celebramos hoje, está presente nos últimos versículos do texto (At 9-11). Estes versículos querem expressar como a vida de Jesus em comunhão profunda com Deus culminou na elevação, ou seja, na glória de Jesus junto ao Pai.
A nuvem que encobre Jesus, nos lembra o Antigo Testamento, em que a nuvem significa a presença de Deus e conduzia o povo no deserto. De agora em diante, Jesus não está presente fisicamente, mas continua caminhando com seus discípulos.
Os discípulos ficam olhando para o céu e anjos de branco lhes aparecem e dizendo-lhes que não fiquem parados, mas continuem sua missão. Nós também devemos esperar a volta de Jesus, mas não parados e olhando para o céu, mas olhando para a realidade que nos cerca e comprometendo-nos e assumindo o caminho de Jesus.
A segunda leitura (Ef 1,17-23), é uma oração em que Paulo pede pelos destinatários da carta. Que Deus conceda sabedoria aos que aderiram à fé em Jesus. Essa sabedoria dará conhecimento da salvação oferecida a nós por Deus.
A comunidade é sinal de esperança, e Cristo ressuscitado, que tem sua força em Deus, é a origem dessa esperança.
Deus colocou tudo aos pés de Jesus e ele é a cabeça de todas as coisas. Tudo está submetido a ele. A Igreja é o seu corpo e tem a responsabilidade de continuar a missão de Jesus.
O texto do Evangelho de hoje (Mc 16,15-20), está inserido em um trecho que foi escrito posteriormente ao texto original, provavelmente no II século. Ele nos remete ao início do Evangelho de Marcos. É como um pequeno resumo da caminhada de Jesus, que anuncia o Reino de Deus através de sua Palavra e ações, por obediência ao Pai. Por ser obediente à missão a qual ele foi enviado é ressuscitado e glorificado pelo Pai. Esta retomada do início do Evangelho de Marcos vem nos colocar como aqueles que os discípulos e nós seremos: continuadores da missão de Jesus.
O texto diz que Jesus estava à mesa com os discípulos, o que sugere uma eucaristia (Mt 16,14). Jesus ressuscitado fala e envia os discípulos a partir da experiência da Eucaristia.
Jesus ordena aos discípulos que anunciem o evangelho ao mundo todo e a toda criatura. Sua mensagem não tem fronteiras e é uma mensagem capaz de transformar o coração humano e consequentemente as estruturas, as relações com as pessoas e a natureza. Esse anúncio, a exemplo de Jesus, se faz através da pregação da palavra e do testemunho de cada um através da sua vida e ações.
Jesus promete que aquele que se comprometer com o seu projeto será salvo, ao contrário daqueles que não se comprometem nem aderem à sua proposta. Uma nova realidade surgirá para os discípulos e para aqueles que se comprometerem a continuar a missão de Jesus: a justiça e a opressão desaparecerão, a pessoas se entenderão, a paz reinará entre as pessoas e a esperança será companheira daqueles que sofrem por qualquer motivo.
Nestes últimos dias o Rio Grande do Sul está vivendo uma tragédia em consequência das fortes chuvas. Muitas mortes aconteceram, pessoas perderam tudo o que tinham da noite para o dia. Mas no meio desta tristeza muitas pessoas, sensibilizadas pela situação, se mobilizam para ajudar da forma e com o que podem: fazendo doações, apresentando-se como voluntários, procurando ser uma presença de esperança para os que sofrem neste momento. Estes são sinais de que a missão de Jesus continua através daqueles que acreditam nele e se comprometeram com o seu projeto.
A Ascensão nos impulsiona a olhar a vida e missão de Jesus, a olhar a nossa realidade, o mundo no qual vivemos e buscar uma presença efetiva e incisiva em nosso meio.
O “Dia das Mães” é uma ocasião para manifestarmos nossa gratidão ao Bom Deus pelas mães, mulheres guerreiras, destemidas, transmissoras de carinho e de ternura. Com certeza, os nossos sentimentos são de gratidão, de louvor e de festa pelas mães: “Qual mãe que acaricia os filhos assim vou dar-vos carinho, em Jerusalém é que sereis acariciados” (Is 66,13). Lembremos também de rezar por todas as mães que sofrem desprezo, abandono ou que se sentem desanimadas ou cansadas.
Irmã Nádia Lucia Souza Cotta