FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
06 de agosto de 2023

SÓ VIRAM JESUS

Neste domingo celebramos a festa da Transfiguração do Senhor, festa esta que prefigura a glória futura de Jesus.

Esta festa é celebrada no Oriente desde o século V e no Ocidente desde o ano de 1457. Celebrada quarenta dias antes da festa da Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 de setembro.

Este mês é dedicado às Vocações em geral, rezemos em especial neste domingo pelos sacerdotes e pelos jovens que participam, em Lisboa, da XXXIII Jornada Mundial da Juventude que se encerra hoje.

Primeira Leitura:
“Eu continuava contemplando, quando foram preparados alguns tronos e um Ancião sentou-se. Suas vestes brancas como a neve; e os cabelos da sua cabeça, alvos com a lã. Seu trono eram chamas de fogo com rodas de fogo ardente.
Eu continuava contemplando nas minhas visões noturnas, quando notei ,vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho de Homem. Ele adiantou-se até o ancião e foi introduzido à sua presença.
A ele foi outorgado o poder, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram Seu império é império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será destruído”.

O Livro de Daniel (Dn7, 9-10.13-14) foi escrito num período de dominação que provocou a perseguição dos judeus. O profeta tem uma visão noturna de um julgamento presidido pelo Ancião. O Ancião está vestido de branco, símbolo da pureza e da justiça. Daniel vê um ser humano a quem Deus lhe dá o poder, a honra e o reino, povos e nações. Esse ser trará e constituirá o reino de Deus na terra para todos os povos e nações, governando com justiça e retidão. Seu reinado será eterno.

Essa visão de Daniel dará esperança para o povo dominado por outros povos que tem como deuses animais que emergem do mar, perseguem e destroem as pessoas. Os cristãos identificarão Jesus Cristo como este Filho do Homem, que veio ao mundo para instaurar o Reino de Deus.

Segunda Leitura:
“Com efeito, não foi seguindo fábulas sutis, mas por termos sido testemunhas oculares da sua majestade, que vos demos a conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pois ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando uma voz vinda da sua Glória lhe disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Esta voz, nós a ouvimos quando lhe foi dirigida do céu, ao estarmos com ele no monte santo. Temos, também, por mais firme a palavra dos profetas, à qual fazeis bem em recorrer como uma luz que brilha em lugar escuro, até que raie o dia e surja a estrela d’alva em nossos corações.”

O texto da Carta de Pedro (2 Pedro 1, 16-19), quer defender o testemunho dado à comunidade em relação à transfiguração. Pedro fala da experiência vivida por ele, Tiago e João, quando viram Jesus transfigurado e ouviram a voz de Deus Pai dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Jesus é aquele a quem devemos ouvir e seguir, pois ele encarna o Projeto de Deus para todos os seres humanos. A fé na palavra dos profetas, que anunciavam a glória do Messias trará salvação àqueles que a acolhem em seu coração, pois a transfiguração antecipa a glória que será manifestada no fim dos tempos e prefigura o reino.

EVANGELHO:
“Seis dias depois, Jesus tomou Pedro, Tiago e João, e os levou para um lugar à parte sobre uma alta montanha. E ali foi transfigurado diante deles. Seu rosto resplandeceu como o sol e suas vestes tornaram-se alvas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, levantarei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Ainda falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra e uma voz, que saía da nuvem, disse: “ Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo, ouvi-o!” Os discípulos, ouvindo a voz, muito assustados, caíram com o rosto no chão. Jesus chegou perto deles e, tocando-os, disse: “ Levantai-vos e não tenhais medo”. Erguendo os olhos, não viram ninguém: Jesus estava sozinho (Mt 17,1-9).

Este texto é sequência da profissão de fé de Pedro e do primeiro anúncio da paixão por Jesus. 

Mateus escreve para os judeus, por isso existem no texto muitos elementos do Antigo Testamento familiares a eles, como a nuvem, três pessoas como testemunhas, tenda, Moisés e Elias, montanha.

A experiência vivida pelos discípulos se dá, como inicia o texto, seis dias depois do anúncio da paixão, ou seja no sétimo dia. Sétimo dia, dia da realização do que Deus sonhou para os seres humanos.

Jesus vai à montanha, lugar do encontro com Deus, da mediação entre Deus e o ser humano. Leva consigo três dos discípulos: Pedro, Tiago e João. Os três que tem mais dificuldade de compreender e assimilar os ensinamentos do mestre e o verdadeiro sentido do messianismo de Jesus. Pedro é duro e teimoso; Tiago e João, os filhos do trovão, são ambiciosos e disputam lugares com os outros (Mt 20,ss).
Enquanto Jesus rezava ao Pai, ele foi transfigurado, ou seja, apresentou-se além da figura a qual se apresentava como Jesus de Nazaré.

A manifestação com o rosto como o sol e vestes brancas como a luz, são sinais da Ressurreição e refletem a Glória de Deus. A glória de Deus é a missão e as ações de Jesus, que é servo de todos, comprometido com os pobres, misericordioso, compassivo, despojado, próximo, ou seja realizador do Projeto do Pai.

Moisés e Elias aparecem conversando com Jesus. Moisés representava a Torah, a lei dos judeus. Elias era a referência dos profetas, aqueles que falavam em nome de Deus.
Pedro gosta deste momento e propõe fazer três tendas para Jesus, Moisés e Elias. Ele ainda não entendeu e quer se acomodar, se instalar nesse lugar agradável, fugir das dificuldades e desafios. Ele quer equiparar Moisés, Elias e Jesus. Ele não entendeu que Jesus é a tenda, a morada de Deus entre os seres humanos ( Jo1,14). A tenda para os israelitas é o lugar de encontro com Deus, é onde nos abrigamos, um lugar de repouso, acolhe a todos os que caminham pelo deserto. Enquanto o povo andou pelo deserto a sua habitação era a tenda, que ia com o povo de acampamento em acampamento.

Enquanto Pedro falava, veio uma nuvem e dela sai a voz de Deus dizendo a eles que este o seu Filho e que devem ouvi-lo. ( Dt 18,15). No Batismo de Jesus, Deus já havia manifestado que Jesus era o seu Filho amado (Mt 3,16-17). Agora, com Jesus vivendo seu ministério, Deus se manifesta novamente e ordena a eles que ouçam seu filho (Dt 18,15).

Escutar Jesus é anunciar e viver o evangelho, assumir o Projeto de Deus Pai, ver os acontecimentos da vida com o olhar da fé.

O choque é muito grande para os discípulos que assustados caem com o rosto por terra. Jesus se aproxima e os toca colocando-os de pé. Jesus com seu toque, encoraja-os a lutar pela vida, dando força para descer a montanha e assumir os desafios da vida e o Projeto de Deus.

Levantai-vos, não tenhais medo: enfrentem os desafios. Jesus encoraja os discípulos a descer da montanha e lutar pela vida, assumindo o Projeto de Deus. Assumir o Projeto de Deus é colocar o ser humano de pé, pois como escreveu Santo Irineu no ano 202: “a glória de Deus é o Homem vivo, e a vida do Homem é a visão de Deus.”

Ao levantarem os olhos os discípulos só viram Jesus: o tempo e a missão de Moisés e Elias já passaram. O ensinamento de Jesus está em consonância com a Lei e os Profetas, porém ele dá pleno cumprimento a eles através do AMOR.

O relato deste acontecido deverá ser feito no tempo certo: depois de Jesus passar pela cruz e ressuscitar.

Jesus usa este momento da transfiguração como pedagogia para explicar aos discípulos sua missão e também a missão de quem o quer seguir. A missão não está no monte. Podemos perceber isso a partir do versículo 14, quando ao descerem do monte encontram a multidão e um homem que pede a cura de seu filho. Eles devem continuar a missão com Jesus, de dar vida a todos. Missão também de revelar algum aspecto do rosto de Deus para os outros, pois o nosso rosto não é para nós mas para os que nos olham. Que característica de Deus nós estamos revelando às pessoas com nosso rosto, do nosso olhar, de nossas atitudes e de nossas ações?

Santa Maria Eugênia, em seu caminho de fé, procurou viver o que Deus Pai pediu: ouvir sempre Jesus, através da Palavra de Deus, da contemplação e dos acontecimentos do dia a dia, buscando transformar-se e transformar a sociedade segundo a lei de Jesus Cristo , tendo sempre: “Um único olhar: Jesus Cristo e a extensão do seu Reino.”

Que os jovens reunidos essa semana em Lisboa, na XXXIII Jornada Mundial da Juventude possam, como Pedro, Tiago e João viver um verdadeiro encontro com Jesus, e vendo e ouvindo só a Ele comprometam-se com o Projeto de Deus.


Irmã Nádia Lúcia Souza Cotta RA

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