Solenidade de Todos os Santos
06 de novembro de 2022

       A liturgia de hoje nos convida a participar da festa no céu, com todos os que já vivem em perfeita comunhão com Deus, pois nesta Solenidade de Todos os Santos celebramos o mistério da comunhão dos santos. Eles estão junto de Deus como nossos intercessores, formando o Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja dos bem-aventurados.

Precisamos lembrar que estar no céu é uma felicidade sublime e que fomos criados por Deus para encontrar essa felicidade. Estar no paraíso, com Deus, é ser santo e esse não é um caminho só para religiosos e consagrados, é um caminho para todos nós. Ao sermos batizados, todos nós somos chamados para trilhar esse caminho.

Assim, o caminho para o céu pode ser chamado de busca da santidade e é o objetivo maior da vida humana, pois só podemos ser plenamente felizes junto de Deus. Mas não basta sermos batizados e termos fé, nós precisamos, ainda, de mais duas coisas: da graça de Deus e da nossa ação.

Nós recebemos a graça inicial com o batismo e, ao longo de toda a vida, renovamos muitas vezes essa graça através da ação santificante dos outros sacramentos, principalmente, da Eucaristia. Com essa força, conseguimos praticar ações que serão como ladrilhos, pavimentando nosso caminho de santidade.

Podemos dizer que o caminho da santidade é a perfeição da caridade, a perfeição do amor. Ter um amor perfeito é ter o coração voltado totalmente para Jesus, é amar ao próximo por amor a Ele.

Para que a caridade cresça e dê frutos, criando mais e mais ladrilhos no nosso caminho de santidade, precisamos manter viva a palavra de Deus, apagar o egoísmo do nosso coração e nos entregarmos às práticas de oração, penitência e amor ao próximo.

Na primeira leitura (Ap 7,2-4.9-14), João recorre a uma visão para nos falar da felicidade dos santos e mártires que já chegaram nessa festa. O Cordeiro imolado na Páscoa, o Ressuscitado, transformou o caminho de morte em caminho de vida para todos aqueles que O seguem. Eles são numerosos e participam com Jesus desse triunfo da vida sobre a morte, numa festa eterna. É a comunhão dos santos que falamos no Creio, todas as pessoas que morreram aqui na terra e estão unidas com Deus.

Na segunda leitura (1Jo 3,1-3) João lembra que todos os batizados recebem esse convite. Uma segunda mensagem de esperança. Ela responde às nossas dúvidas sobre nosso destino futuro. O que viremos a ser? Se Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos, Ele nunca nos abandonará. Com a vinda de Jesus fica claro que pertencemos à família divina e, assim como pessoas de uma mesma família têm traços parecidos, nós também somos semelhantes a Ele, já que somos Sua família aqui na terra.

O Evangelho aponta o caminho para chegarmos no reino celeste, o caminho para a santidade. O discurso das bem-aventuranças trazido pelo Evangelho de Mateus (Mt 5, 1-12a) é parte do Sermão da Montanha. Assim como Moisés tinha feito no Primeiro Testamento, indo ao topo da montanha para falar com Deus e receber as Tábuas da Lei, Jesus sobe ao alto de um morro e dá novas orientações de vida para o povo. A promessa, agora, deixa claro que esse é o caminho para o Reino de Deus, um mapa que, se for seguido, nos leva para a alegria futura de uma vida em comunhão com Deus.

O Papa Francisco nos ensina que bem-aventurado é “sinônimo de santo, porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive Sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade”. Na Exortação Apostólica sobre o chamado à santidade no mundo atual (nº 14) ele diz: “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra”. O chamado é para todos. A santidade não é o fruto do esforço humano. Por mais que tentemos, sozinhos não conseguiremos. A santidade é um dom do amor de Deus somada à resposta do homem à iniciativa divina. Ela não é um prêmio pra quem é bonzinho, a santidade é trabalho do homem para a Igreja, abençoado por Deus. Nós queremos ser santos, claro, para viver eternamente ao lado de Deus, mas, também para fazer melhor e mais santa a Igreja de Cristo.

São bem-aventurados, como vimos no Evangelho de hoje, os pobres de espírito. E quem são eles? Podemos dizer que são pobres de espírito os que se permitem crer, esperar e amar. São aqueles que fazem crédito de amor com Deus; que confiam, com abandono de si; que esperam em Deus e aceitam ser criticados por Sua Palavra, porque querem se tornar pessoas melhores; enfim, são os que amam sem medida e para colocar esse amor em prática devemos ser misericordiosos.

São também santos os aflitos, aqueles que compartilham o sofrimento dos outros e consolam-se em Deus; os mansos, ou seja, os que não respondem à violência com violência, mas com amor; os famintos e sedentos de justiça, pois a desejam e praticam; os misericordiosos, que voltam o seu coração para o pobre; são santos os puros de coração, que conservam a integridade e não agem com segundas intenções; os que promovem a paz, pois criam laços de amizade; os perseguidos por causa da justiça, que sofrem para que o projeto de Deus continue firme. Só consegue viver as Bem-aventuranças quem se deixa conduzir e sustentar pelo Espírito Santo. Os santos e santas são pessoas que souberam escutar o chamado do Senhor e foram fiéis a Ele.

Deus, em seu imenso amor, fez de nós seus filhos e não pode nunca nos abandonar. Ele quer que aceitemos o convite “Sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo” (Mt 5, 48). Ele quer que pavimentemos com muitos ladrilhos nosso caminho de santidade e que cheguemos na morada eterna para viver a felicidade plena, e para isso, como vimos, precisamos nos entregar totalmente à vontade d’Ele e amar sem limites.


Ana Carolina Paiva Ângelo
Catequista na Paróquia Assunção
São Paulo – Brasil

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Respostas de 4

  1. Somos os Santos do Senhor!
    Mto linda sua inspiracao, Carol!
    As Bem Aventuranças são maravilhosas e trazem muitas lições para nós.
    Mto obrigada pela revelação da Mente divina que você expressou com tanta sabedoria…

  2. Gosto muito dos seus artigos. Mais que didáticos , para nos orientar sobre a palavra, algumas colocações, como a metáfora do ” pavimentar com ladrilhos o caminho da santidade” a mim se apresenta como uma linda inspiração divina. Ah o caminho! Os agraciados aprendem a percorrê-lo com resiliência e caridade. Cada ladrilho é feito de resiliência, caridade e muito, muito, muito amor ao próximo. Paz e bem.

  3. Depois do retiro do grupo Assunção Juntos, o chamado continua ressoando: escutar Deus, buscar o caminho da santidade, estar em comunhão…..
    A reflexão de hoje não nos deixa esquecer o convite “sejam santos como Deus é santo “. A comunidade será sempre nosso apoio nessa busca.
    Obrigada Carol pela reflexão!

  4. Sede Santos! (1 Pd 1, 15-16)

    Foi esse o despertar e norte que nos foi deixado como a alternativa para retornarmos para a alegria e plenitude de Deus. E também foram deixadas orientações muito claras, até mesmo simples, para atingirmos esse objetivo. Assim como está no livro de Josué (Js 24, 14-18), temos a liberdade de escolha e devemos decidir a quem vamos seguir; e essa escolha pode ser ainda melhor fundamentada ao conhecermos o que nos espera, e esse conhecimento pode ser obtido tanto por meio do que o evangelista Mateus nos ensina em dois momentos distintos e complementares (Mt 5, 1-12a e Mt 6, 19-21.24) assim como nas orientações do Apóstolo Paulo aos Efésios (Ef 4, 25-32), uma vez que nossa fé proporciona enxergarmos um novo mundo (Mc 10, 46-52) e desta forma seguirmos o caminho de Jesus nos ofereceu ao padecer por nós (1 Pd 2, 21).

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