No mês de setembro, Mês da Bíblia celebrado na Igreja do Brasil, somos convidados à luz das Sagradas Escrituras, a nos deixar ser conduzidos pela Palavra de Deus. Palavra que é libertadora das muitas amarras que nos impedem de ser o que queremos e devemos ser. E também a entender a vivência da palavra, o serviço, o anúncio da boa notícia de Jesus com características do Reinado de Deus que já começou: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1).

As leituras desse domingo chamam nossa atenção para alguns valores que nos ajudam a viver de maneira comprometida: a humildade, o serviço gratuito, o respeito ao outro, a ternura, a compaixão e a misericórdia.

A Primeira Leitura é do livro da Sabedoria (Sb 2,12.17-20). Até o momento, não sabemos bem quem é seu autor, até porque podem ser vários autores. Ela relata para nós que o ímpio, o injusto e o prepotente são amigos da morte, do fracasso, da injustiça; estes não são amigos da vida, da benquerença, da fraternidade, do crescimento e do bem-estar do outro; ao contrario,  eles estão preocupados em praticar o mal, em ter vantagens à custa dos outros.

 Na Segunda Leitura, a Carta de São Tiago (Tg 3,16-4,3) vai dizer qual é a verdadeira religião. É aquela que ajuda a excluir de nossa vida tudo o que impede o ser humano, criatura de Deus, de ser livre. Livre de que? Da ganância, do desejo de ter e ser mais do que os outros, da maldade, da desordem, da roubalheira, da corrupção, da injustiça. Por quê? Porque somos chamados a ser construtores da paz, da ternura, da compaixão, da misericórdia, da bondade, da esperança. Somos chamados a ser construtores de pontes, construtores de unidade.

O Evangelho de hoje (Mc 9, 30-37). Jesus começa uma formação específica para o discipulado. No domingo passado ouvimos a pergunta: “Quem dizem os homens que eu sou?” EU SOU é o nome dado a Deus no primeiro testamento (Ex 3,14). Logo depois pergunta: “E para vocês, quem Eu SOU?”. Pedro faz uma belíssima profissão de fé: “Tu és o Messias, Tu és o Cristo”.

Vemos aqui que Jesus saiu com seus discípulos e pede que não contem a ninguém. Ele tem algo muito importante para a instrução do dia e não quer ser interrompido. Não é só uma comunicação. É instrução mesmo. Ele quer dar continuidade à formação da comunidade nascente, em vista da caminhada do discipulado e das futuras comunidades. O tempo urge e Jesus tem pressa em passar essas instruções aos seus. Quer fazer a vontade do Pai em toda a sua inteireza quer cumprir tudo “tintim por tintim”; para isso Ele foi enviado. A vontade do Pai é mais importante que tudo. É a vida que está em jogo e Jesus não quer perder nenhum dos que o Pai lhe deu.

Os sinais de vida que Jesus vem realizando incomoda demais os grandes, os poderosos e os egoístas de seu tempo. O bem lhes atrapalha. O mal lhes dá prazer. Ainda hoje sentimos isso. Não importa se 600 mil vidas foram ceifadas porque as vacinas não chegaram a tempo. Não importa os milhões de pessoas com fome, os 15 milhões sem trabalho. Para os donos do poder “isso vai passar.”

Mas voltemos ao ensinamento de Jesus. Jesus lhes diz: “o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, vai ser perseguido e morto, mas depois de três dias ressuscitará”. Os discípulos não entenderam nada. Pior, “tinham medo de perguntar”. Porque que tinham tanto medo? Já não estavam no terceiro ano de convivência e formação? Será que ainda não tinham compreendido nada?

Continuaram a caminhada. Atravessaram a Galileia e chegaram a Cafarnaum. Alguns dos discípulos eram de Cafarnaum. Já em “casa,” Jesus lhes pergunta: “Sobre o que vocês conversavam no caminho?”. Eles ficaram calados, pois estavam preocupados sobre quem seria o “maior.” Sentado com os Doze, Jesus, tenta fazê-los perceber que no seu Reinado não há trono nem coroa.  É um reinado de serviço gratuito do irmão. Que o mais importante se torne “servidor”. É um Reinado a partir da cruz, de uma entrega total à vontade do PAI. Não existe maior nem menor, não existe categorias. Existem pessoas, igualdade, fraternidade, serviço. 

A instrução de Jesus é acompanhada de gestos concretos de acolhida. A criança na sociedade patriarcal fazia parte dos não “contados”. Por isso Jesus a acolhe, abraça e acaricia. Para Jesus a criança tem valor. Na nossa sociedade, onde os direitos humanos são cada dia menos respeitados, precisamos nos despertar, nos socializar e entrar na luta para propor mudança, conversão de atitudes. A luta é de todos. Deixemos Jesus despertar nosso coração adormecido e assim ter atitudes ativas, transformadoras da nossa realidade. E não deixemos “que nenhum ser humano seja oprimido por outro”. (Santa Maria Eugênia).

Irmã Geralda do Carmo- RA
Itapuranga -Go

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