“SENHOR DÁ-NOS SEMPRE DESSE PÃO”
Iniciando o mês Vocacional celebramos a vocação sacerdotal, que tem muita ligação com a Liturgia de deste domingo. Continuamos a refletir o discurso do Evangelista João sobre a instituição da Eucaristia. O Pão que vem do céu e está presente no nosso meio, se torna presença por meio da Eucaristia que o sacerdote por sua ordenação preside, consagra e torna presente esse mistério pascal.
O livro do êxodo nos conta a história de como o povo de Deus (Israelitas) deixou para trás a escravidão imposta pelo faraó do Egito, movidos pela esperança que nasce da fé em um Deus que nunca os abandonou e foi capaz de resgatá-los por amor.
Na primeira leitura (Ex 16,2-4.12-15) temos a passagem do maná, sinal do amor de Deus por seu povo escolhido.
O deserto, símbolo da transformação, nos mostra que nem sempre é fácil tirar de nossa vida as amarras que nos prendem. Diante das dificuldades, o povo escolhido e amado por Deus, logo se esquece daquele que os libertou, começando a murmurar contra Ele. “Seria melhor ter morrido como escravo no Egito”.
Diante da ingratidão de seu povo que quer voltar a viver como escravo nas terras do Egito, qual é a atitude deste Deus que só sabe amar?
Promete-lhes o pão como alimento, prova do amor Daquele que de fato se preocupa com os que sofrem. Para o povo, este era o pão que o Senhor deu como alimento, símbolo da vida nova que vem da comunhão com este Deus.
No Evangelho (Jo 6,24-35) Jesus nos mostra que o maná é apenas uma sombra da realidade maior apresentada por Ele.
O discurso aqui apresentado, tem sua origem após o episódio da caminhada sobre as águas. Neste momento a multidão que segue Jesus o encontra em Cafarnaum.
Existe uma diferença entre seguir e entender, pois, esta multidão que o segue para todos os lugares, ainda não conseguiu compreender quem de fato era aquele capaz de realizar tantos sinais. Diante disso, para aqueles que ainda o seguiam apenas para saciar a fome e encher a barriga Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo, não foi Moisés quem vos deu o pão que veio do céu. É meu pai que vos dá o verdadeiro pão do céu. Pois, o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá a vida ao mundo”.
Com isso Jesus quer mostrar que devemos buscar o alimento que não se acaba. Que é Ele próprio, “o Filho do Homem” aquele que pode falar em nome de Deus. E quando perguntado sobre quais eram as obras que agradavam a Deus, a resposta de Jesus nos remete a uma decisão de fé “acreditar naquele que ele enviou”. Verdadeiro alimento oferecido ao mundo para dar vida ao mundo.
Para aqueles que ainda não entenderam no versículo 35 Jesus diz: “Eu sou o pão da vida” quem dele se aproxima nunca mais terá fome e sede. Jesus é o único capaz de saciar nossa sede e fome de justiça, igualdade, fraternidade…etc. Com Ele nossos gestos serão de acolhida, de amor e ternura para com nossos irmãos, construindo assim um mundo onde reine a comunhão na diversidade.
A segunda leitura (Ef 4,17.20-24) mostra que a comunidade dos Efésios, assim como o povo hebreu sente saudade da escravidão do Egito. Ela precisa abandonar suas práticas pagãs e voltar a viver do modo como Deus lhes pede. Por isso o autor afirma aqui que a verdade está em Cristo, sendo necessário a renúncia das coisas velhas e a renovação interior.
Diante desta liturgia, fica-nos a questão: O que temos buscado em nossa vida? Estamos correndo atras da vida nova oferecida por Jesus ou ainda queremos reviver das amarras do Egito?
Busquemos inspiração em nossa fundadora Santa Maria Eugênia. Ela rezou assim: “Ó meu Jesus, é tua santa loucura que me salva. Bendito sejas, porque vieste tornar-te pão para me nutrir. É preciso ser Louco por Deus. Ó meu Jesus, quero ser louca por ti, quero fazer qualquer coisa por ti.” Ela foi capaz de renunciar a tudo para viver inteiramente este amor oferecido por Deus, encontrando assim a felicidade que até então lutava para alcançar; possamos nós, como Santa Maria Eugênia, encontrar em Cristo o pão da vida, que possamos também encontrar Nele as forças necessárias para continuarmos lutando por um mundo mais justo e humano.
Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo!