“O PÃO SE MULTIPLICA ONDE HÁ PARTILHA”

A liturgia de hoje, nos convida a participar do banquete que alimenta a caminhada dos filhos e filhas de Deus comprometidos com a fraternidade e a justiça. Banquete de alimento que não estraga e não se come sozinho. Celebra-se para comer juntos. Um convite para lembramos: em nosso país, neste tempo de pandemia, há milhões de seres humanos sem o pão de cada dia.

A Eucaristia, memorial do Mistério Pascal, nos ajuda a perceber que o pão se multiplica à medida que aprendemos a partilhar.  Os frutos do nosso trabalho podem ser partilhados com todos. Pão guardado egoisticamente estraga, apodrece, não serve para nada. Pão partilhado revigora a vida, renova as energias e a esperança.

1ª Leitura (2 Reis 4, 42-44). Deus Pai Criador, ao longo da história, sempre esteve do lado do povo. Mulheres e homens, atentos à voz de Deus, intuíam situações gritantes e injustas entre os mais empobrecidos. Não passavam despercebidas as situações de fome, as epidemias, os incêndios, as inundações, etc. Pois bem. Essas pessoas, como Eliseu, Amós, Irmã Cleusa e Ester, buscam solucionar a situação sofrida do povo, intercedendo para salvar seu povo, doando suas vidas para salvar a vida dos outros, partilhando os frutos da terra a eles oferecidos.

Salmo 144(145) Nosso Deus é um Deus presente, que cuida da vida de seu povo. Por isso o povo o invoca sem cessar.

2ª Leitura (Ef 4,1-6) A Carta ao povo de Éfeso é um grande convite à unidade dos cristãos.   Em Éfeso os problemas são gerais. Já não se trata do único povo de Israel. Por isso, Paulo chama a atenção para ter cuidado com os falsos ensinamentos, contrários aos de Jesus. O capítulo 4 reflete sobre a importância da unidade da Igreja e entre os cristãos. Já no comecinho recorda a prisão de Paulo. Lembra a importância do “suportai-vos uns aos outros”, não no sentido de aguentar as chatices, as diferenças. Mas de ser suporte, estar com, buscar soluções juntos. Por isso ele escreve: “suportando-nos uns aos outros no amor”. Deus é Amor é unidade.

EVANGELHO (Jo 6,1-15). Deixamos hoje o texto de Marcos, refletidos nos domingos anteriores. Vamos voltar a ele no 22º domingo do Tempo Comum, ou seja, no último domingo de agosto. Durante este tempo, estaremos lendo, refletindo e rezando, o capítulo 6 do evangelho de João. Um riquíssimo discurso sobre o PÃO.

No texto de hoje, Jesus e seus discípulos estão do outro lado do lago de Tiberíades, também conhecido como mar da Galileia, devido a sua extensão. O texto Joanino, se assim podemos dizer, é vivido por comunidades pobres de periferias de cidade grande. O 4º Evangelho ou evangelho de João é o livro dos “SINAIS”. Um texto bem original que buscou muitas de suas reflexões nos começos ou Primeiro Testamento, nos textos da criação. Não se trata de uma cópia, mas de inspiração em fonte mais antiga. Vemos isso primeira leitura de hoje, no Livro dos Reis.

No texto do evangelho de hoje, é apresentado o 4º “SINAL”. A fartura do momento leva o povo ao reconhecimento de Jesus como o profeta esperado. Na primeira leitura, é oferecido ao Profeta Eliseu 20 pães de cevada e trigo novo. Eliseu disse: “Dê ao povo para que coma”. O servo respondeu: Como vou distribuir tão pouco para 100 pessoas? Eliseu respondeu: Dê ao povo; vai sobrar”. E é assim mesmo. Quando se partilha sobra.

A Páscoa que Jesus celebra com seus discípulos e a multidão carente, mostra Jesus como o novo Moisés, comprometido com a vida e a libertação do seu povo. A multidão segue Jesus por causa dos “sinais” Jesus fizera à vista deles.

Aparece a preocupação de Filipe: “Como vamos dar de comer a tanta gente?” Havia ali um menino que tinha 2 peixinhos 5 pães de cevada, pão dos pobres, certamente para comer no caminho. O menino abre mão de sua merenda. Jesus pede ao povo para sentar-se. Abençoa os pães e dá graças ao Pai. O pão é repartido e todos comem à vontade. É preciso recolher as sobras. Recolhem-se 12 cestos, não há, nem pode haver desperdício. Atenção aos números: 5+2= 7. Sete é plenitude. 12 são as tribos de Israel, 12 é o número dos Apóstolos.

O povo reconhece em Jesus o profeta esperado e querem aclamá-lo rei. Jesus se retira e no decorrer do caminho manifestará que seu “reinado” não tem trono, não se compactua com as injustiças, corrupção e malandragem. É um reinado que parte da cruz: “Meu reinado não é deste mundo”.

O que esse evangelho fala para nós hoje? No Brasil, se o dinheiro fosse gasto com justiça e retidão, nesse tempo de pandemia não teríamos perdido mais de 500 mil vidas. Tampouco teríamos os 14 milhões com fome, nem os 15 milhões de desempregados. Que a reflexões dos textos bíblicos deste domingo nos desperte e nos ajude a comprometer mais com o cuidado, com a partilha e a solidariedade. Assim seja.

 

IRMÃ GERALDA DO CARMO RA
ITAPORANGA – GO.

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