16º DOMINGO DO TEMPO COMUM 2021

Queridos irmãos, queridas irmãs,

A liturgia deste domingo nos leva a contemplar Jesus como aquele que é o “Bom Pastor”. Esta bonita imagem de um pastor que se debruça sobre suas ovelhas para cuidar das que estão sofridas, feridas ou doentes, atento a cada uma delas, capaz de ir em busca daquela que se perdeu do rebanho – Jesus a aplica a si mesmo. Em várias passagens diferentes ao longo dos Evangelhos, Jesus atribui a si mesmo este título. Um dos textos de hoje nos fala dos maus pastores, e deste modo nos faz ver com mais clareza aquele que é o Bom Pastor, o nosso Pastor. Vejamos por partes.

A primeira leitura (Jr 23,1-6) nos mergulha numa realidade que é a do tempo do profeta Jeremias, mas que conhecemos bem, porque ela é nossa também… Por acaso não nos reconhecemos no grito que o Senhor Deus envia a seu profeta para que o proclame ao povo: “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem?” “Pastor”, neste texto, não se refere somente aos que têm uma autoridade e um dever religioso para com o povo. A palavra remete também aos que têm autoridade e deveres de outros tipos para com o povo.

Ser pastor é, por definição, cuidar. Cuidar do rebanho, protegê-lo contra os predadores, buscar pastos bons e água fresca para que as ovelhas cresçam sadias… Estas são responsabilidades do pastor. Mas se o pastor não cuida, não protege, não busca como fazer o rebanho se desenvolver, ele está abandonando seu dever, sua missão, e um dia terá que prestar contas ao dono do rebanho…  

Por isso, segue-se, no texto de Jeremias, a promessa do Senhor: “Eu reunirei o resto de minhas ovelhas (….) e as farei voltar a seus campos (…..) Suscitarei para elas novos pastores que as apascentem; não sofrerão mais o medo e a angústia, nenhuma delas se perderá”. Os dias dos maus pastores terão um fim. Esta é a esperança que Deus quer suscitar em seu povo…

Logo após este anúncio que nos dá esperança, a liturgia nos faz cantar o Salmo 22(23), no qual afirmamos que nada nos faltará pois é o Senhor que nos conduz, que nos guia, que prepara para nós uma mesa…  A esperança e a alegria não se afastam de nosso coração, pois sabemos que nosso Pastor cuida de nós.

São Paulo, em sua Carta aos Efésios, (Ef 2, 13-18) afirma que o medo que dominava as ovelhas que tinham maus pastores não existirá mais. Os maus pastores darão lugar àquele que é chamado o Príncipe de Paz. Jesus é o Homem da Paz. Ele é a nossa paz.

A palavra “Shalom” na língua que Jesus falava, é traduzida por “paz”, mas é muito rica em sentido. Ela significa “paz”, sim, mas também muitas outras coisas: bem-estar, saúde, sentimento de felicidade, de completude, de alegria… É tudo isto que desejamos uns aos outros quando, na liturgia, nos desejamos mutuamente a paz. E, se vivenciamos tudo isto é porque Aquele que nos abre o caminho para o Pai destruiu a inimizade por seu sangue. Ele, Jesus, é quem faz que tenhamos acesso ao Pai. Ele se lembra de cada um, de cada uma de nós. Ele cuida de nós.

Finalmente, o Evangelho deste domingo (Mc 6, 30-34) nos mostra, no relato de um fato muito concreto, como Jesus vivia este ministério do pastoreio. O texto nos conta que os Doze voltaram da missão à qual tinham sido enviados por Jesus. De fato, Jesus os estava preparando para continuarem a mesma missão que ele desenvolvia: falar ao povo do amor do Pai, de seu projeto, que é o Reino, e ensinar a todos como viver como filhos e filhas de Deus, amados e agradecidos.

Jesus percebeu que eles estavam cansados das andanças que a missão impõe, e que precisavam de um descanso para se refazerem. E propôs a eles que se retirassem para um lugar deserto, onde ninguém saberia que eles estavam, para um bom descanso. Mas eles não contavam com que o povo os veria entrando no barco… E enquanto eles embarcaram e se puseram ao largo, o povo correu pela beira do lago até chegar ao outro lado. Quando o barco em que eles iam atracou na outra margem e eles desceram, viram uma grande multidão que os esperava para ouvir mais ensinamentos de Jesus… E Jesus olhou para a multidão e viu que eram “como ovelhas sem pastor” e foi ao seu encontro.

E o que foi que fizeram? Como bons discípulos que eram, os Doze olharam para o Mestre e fizeram como ele: esqueceram-se de si mesmos, do cansaço, da razão pela qual tinham atravessado o lago, e foram atender à multidão.

Como Bom Pastor que era, Jesus tinha certas qualidades e maneiras de agir que soube passar aos Doze:

  • O bom pastor conhece suas ovelhas a ponto de perceber seus sentimentos e necessidades;
  • O bom pastor sabe, em situações aflitivas, esquecer-se de si mesmo e só pensar no bem-estar de suas ovelhas;
  • O bom pastor atende a suas ovelhas sempre que elas necessitam dele.

Jesus nos convoca a partilhar sua missão de pastor e nos chama a sermos também pastores em nossa vida do dia a dia: pastores em nossos lares, zelando pelo bem-estar da família, por manter sua unidade e seu clima de amor e união; pastores em nossos compromissos eclesiais, cooperando nos trabalhos pastorais de nossas paróquias; pastores em nossa profissão, pelo exemplo de uma vida honesta, de profissionalismo, de cooperação no trabalho…

Olhemos, portanto, para Jesus, o Bom Pastor. E procuremos desenvolver em nós mesmos as atitudes de um bom pastor. Assim, contribuiremos para a construção do Reino.

 IRMÃ REGINA CAVALCANTI RA

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