“Amar a Deus no próximo”

Hoje a liturgia demonstra que o amor é a essência da vida cristã. Na primeira leitura, fica claro que qualquer injustiça praticada contra uma pessoa, sobretudo a mais fraca ou mais pobre, é uma ofensa a Deus. Na segunda leitura, o apóstolo Paulo começa a ver os frutos do Espírito na comunidade que ele criou, ao saber que o povo já está saindo para evangelizar outras regiões. E, no Evangelho, Jesus será novamente testado pelos doutores da lei, mas conseguirá mostrar a importância do amor de Deus.
 
A primeira leitura (Ex 22, 20-26) está contida numa parte do livro do Êxodo que é chamada de “código da aliança”, porque traz um conjunto de regras que seguem o decálogo, os dez mandamentos, com diversos detalhes de comportamento para reger a vida cotidiana. Neste contexto, as regras nos mostram três realidades distintas de pessoas que carecem de maiores cuidados, os estrangeiros, os órfãos e viúvas, que constituem uma categoria só, e os miseráveis. Estas são pessoas que têm dificuldades de prover sua subsistência e frequentemente se tornam vítimas de aproveitadores. Deus não aceita a perpetuação destas situações e deixa claro que qualquer injustiça ou arbitrariedade praticadas contra um irmão mais pobre ou mais débil é um crime grave contra Ele. Nós não podemos tolerar as situações que roubam a vida e a dignidade de ninguém e precisamos ver em cada pessoa um irmão que Deus colocou ao nosso lado para cuidarmos, amarmos e protegermos.
 
Na carta de São Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 1, 5c-10), o apóstolo reconhece que a comunidade está vivendo à imitação de Cristo e que esta missão apostólica está gerando frutos em outras comunidades. O povo evangelizado por Paulo está pronto para sair pelo mundo espalhando a Palavra, pois eles receberam os dons do Espírito Santo. A mesma coisa aconteceu com cada um de nós. Em nosso batismo, fomos mergulhados no Espírito e temos Seus dons dentro de nós, só precisamos colocar em prática no mundo em que vivemos.
 
O Evangelho de Mateus (Mt 22, 34-40) relata uma situação de embate entre Jesus e as lideranças religiosas da época. Como o principal mandamento da lei judaica era guardar o sábado, os fariseus testam Jesus para ver sua reação. Trocando em miúdos, Sua resposta explica de modo muito sábio, que o descanso divino não nos dá o direito de descansar ao ponto de não fazer caridade. 
 
Precisamos entender que o papel do ser humano é amar, mas amar o próximo pode, muitas vezes, nos parecer um fardo. Como será que devemos agir quando pensamos assim? Como será que podemos nos libertar desse peso? Certamente não será fechando os olhos para a dor do irmão. O primeiro passo a se tomar quando a outra pessoa nos parece pesada demais para carregar nas costas, é levá-la no coração. Entendendo que fomos criados para amar, compreendemos também que nós só conseguimos fazer isso quando percebemos que somos amados. O amor a Deus está diretamente ligado ao amor ao próximo e quando unimos todas essas coisas, descobrimos que somos amados e o ato de amar ao próximo não é mais um fardo.
 
Enquanto nós tivermos o amor como uma obrigação, teremos dificuldade de amar. Precisamos da experiência interna de sermos amados para aprender a praticar o amor. A pessoa que foi ferida e se converteu muitas vezes percebe o amor de Deus. Mas e as pessoas que nunca caíram? Elas podem sentir que não são amadas por Deus, porém precisam observar o amor de Deus que se faz presente impedindo suas quedas.
 
Nós amamos a Deus de três formas, com nossa emoção, com nossa alma e com nossa inteligência. Para amarmos plenamente nós precisamos usar a razão. Não é possível amar o que a gente não conhece. Pense sobre isso, você primeiro conhece a pessoa para depois amá-la, não tem como ser o contrário. Então, precisamos duvidar, questionar e investigar para chegar à fé e ao amor a Deus.
 
Quem vive a religião sem o uso da razão se torna fanático, não entende as mensagens de Deus e corre o risco de realizar as maiores atrocidades simplesmente por não ter compreendido a essência do Seu amor.
 
Quando investigamos, acabamos descobrindo que Deus é fonte de toda a bondade, por isso, ao nos amar, produz em nós o que temos de melhor, que é nossa capacidade de amar. E o amor une as pessoas, quem ama quer estar junto, então, principalmente em momentos de conflito, quando parece que todos têm opiniões diferentes e não conseguem respeitar o próximo, seja você a diferença, ouça o outro, entenda suas posições, mesmo se não concordar com elas, carregue-o no seu coração.
 
Só Deus pode ser a razão da nossa vida. Os outros seres humanos são o lugar onde nós iremos amá-Lo. Precisamos enxergar que, se nós recebemos tudo d’Ele, nosso irmão também recebeu. As pessoas são instrumentos do amor de Deus na nossa vida e nós somos instrumentos do amor d’Ele na vida dos outros. Deixe Deus te usar como instrumento de Seu amor!
 
“Deus nos pede somente uma virtude: amar os outros.” Santa Maria Eugênia. 
 
Ana Carolina Paiva Angelo
São Paulo – Brasil
 

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