“JESUS CRISTO É MISSÃO”

O mês de outubro, dedicado às missões, tem como tema “Jesus Cristo é missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20).

Que a reflexão deste domingo nos inspire, como Igreja, a tornar consistente o diálogo e o amor entre as pessoas sejam crianças, homens ou mulheres; todos nós recebemos o chamado para superar preconceitos e atitudes de dominação

A primeira leitura (Gn 2,4b-3,24) é um relato da criação, de tradição Javista, provavelmente um texto do século X a.C., época de Salomão. Tem finalidade teológica, passando a mensagem de que Deus está na origem da vida. Como uma catequese, estes textos usam elementos simbólicos e literários. Importante guardar a mensagem de que a solidão permanente não é boa.  Somos felizes só quando estamos na companhia dos outros, vivendo em comunhão, complementariedade, igualdade e unidade.

Na segunda leitura (Hb 2,9-11) é confirmada a ideia de que Deus é origem e fim de todas as coisas. Esta carta pode ter sido escrita no ano 70, quando foram destruídos o Templo e a cidade de Jerusalém. Trata-se de uma pregação escrita, um sermão cristão, uma homilia. Ela não foi escrita por Paulo, embora seja muitas vezes atribuída a ele.

As comunidades cristãs estão atravessando um momento delicado, difícil e de perseguição. Devido a isto alguns estão desanimados e se deixando influenciar por outras doutrinas que não estão de acordo com a fé recebida dos apóstolos. A finalidade deste sermão é ajudar todos a crescerem na fé alicerçada em Deus, o criador de tudo.

No evangelho (Mc 10, 2-16) temos dois relatos significativos: um sobre a mulher e o outro sobre a criança. Passa-se por volta dos anos 30, onde o sistema patriarcal predominava na Galileia. Apresenta Jesus continuando seu caminho para Jerusalém; Jesus discute com os fariseus que se aproximaram; isto porque estes, apegados à lei, se achavam os únicos sabedores e intérpretes da vontade Deus.

O motivo de controvérsia são os critérios para que um homem se divorcie de sua mulher. Nesta época duas escolas rabínicas e suas tendências eram conhecidas. A Escola de Hillel ensinava que era permitido se divorciar da mulher por motivos banais e a Escola de Shammai por motivos mais sérios e graves. Enfim, a mulher não podia nem sequer levantar a voz para se defender em ocasião nenhuma.

Ao ser interrogado – “pode um homem repudiar a sua mulher?” – Jesus responde com outra pergunta relativa ao passado: “O que vos ordenou Moisés”? Jesus demonstra não estar de acordo com esta lei. Na união mulher e varão – homem e mulher – Deus queria que se tornassem “uma só carne”, para viver no amor, numa vida toda de comunhão e total dignidade: “o que Deus uniu que o homem não separe”; Jesus espera e pede aos varões que renunciem à sua “dureza de coração”. Essa “dureza” que deve ser transformada e traduzida hoje por atitudes de justiça, igualdade, solidariedade em relação às mulheres; não cabem mais atitudes e comportamentos onde impere o machismo.

Ainda hoje a realidade de muitas mulheres é difícil. No Brasil, em 2020, a cada dia, cinco mulheres foram assassinadas ou vítimas de violência. Simplesmente por serem mulheres. Os desafios continuam presentes e felizmente podemos agradecer que os avanços também. Mas não dá para recuar, é preciso continuar clamando: Não desistam! Continuem lutando para ocupar lugares dignos e de direito na Igreja e na sociedade! Não se calem! Denunciem qualquer forma de abuso e opressão!

Marcos traz de novo outra passagem que faz parte da realidade das crianças desse tempo, quando querem aproximar crianças de Jesus e estas são impedidas pelos discípulos. Isso causa a ira de Jesus que os repreende. O motivo? Assim como as mulheres, as crianças não contavam, não tinham importância. Estavam junto com a mãe em constante impureza legal e quem as tocasse também ficaria impuro. O cuidado com Jesus pode ter sido o motivo, pois os discípulos queriam evitar a contaminação. Pode ter acontecido que o pensamento deles era o mesmo da época: criança não produz, perturba, incomoda e atrapalharia o próprio Jesus durante seus ensinamentos.

A reação de Jesus é imediata, dizendo: “Deixai as crianças virem a mim, pois a elas pertence o Reino dos céus”. Os discípulos não entendem a proposta do Reino. Eles, e nós hoje, somos chamados a uma mudança de mentalidade e para isto é necessário mudar de atitude. Pois para Jesus o Reino é dos simples e humildes. E atitudes concretas em vista do anuncio do Reino, missão de todos nós, são de acolhida, respeito, inclusão, anuncio, igualdade, companheirismo, promoção, dignidade.

São frequentes as atitudes e comportamentos mesquinhos, discriminatórios, negação de direitos e de acolhida; faltam políticas públicas em relação às mulheres, crianças, pobres, negros, doentes, nações indígenas, etc. Até mesmo dentro de nossa igreja isso acontece. O que está sendo feito para mudar esta realidade ainda hoje presente entre nós? O que você faz para superar esta triste realidade?

Uma pesquisa realizada ano passado mostrou que no Brasil existem cerca de 70 mil crianças em situação de rua; só em São Paulo existem cerca de 1800 invisíveis aos olhos de muitos. Com certeza você já visualizou esta realidade na esquina de sua casa, indo para o trabalho, para escola ou para a igreja. E qual deve ser a sua atitude? A mesma de Jesus!

É possível perceber e dar graças a Deus por todo o bem que é feito diariamente por muitas pessoas neste campo de missão. Sigamos também nós os ensinamentos de nosso mestre Jesus. Foi um incansável missionário indo ao encontro de todos e anunciando o reinado de Deus; temos esta mesma tarefa, o que nos une é o mesmo amor. Somos convidados a sermos todos missionários, anunciadores, profetas e profetisas do Reino onde são escolhidos e acolhidos todos os que lutam pela superação de preconceitos, banindo atitudes e todas as formas de rejeição.

Acolhamos algumas palavras de uma grande mulher que fez a diferença na vida de muitos: Santa Maria Eugênia. Ela acreditou e lutou para transformar esta realidade. Deixou-nos sua profissão de fé dizendo:

“Creio que Jesus Cristo traz uma libertação que transforma a sociedade”.

“Creio em uma sociedade verdadeiramente cristã”.

“Creio que vontade de Deus é um estado social em que nenhuma pessoa tenha que sofrer a opressão de outra…”

“Creio em Deus reinando nas inteligências, nas vontades de todas as mulheres e de todos os homens”.

 “Creio que estamos nesta terra para trabalhar pela vinda do Reino de Deus em nós e no próximo”.

“Creio que cada pessoa tem uma missão sobre a terra”. “Creio que a terra é um lugar de glória para Deus”. Amém.

IR. MARISTELA CORRÊIA COSTA RA
ITAPURANGA – GO

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