Este texto do Êxodo é um relato chave na Bíblia (Êx 3:1-8;13-15).
Deus revela-se como aquele que ouve o grito dos oprimidos e desce para libertá-los do poder dos opressores e levá-los a uma terra onde possam viver em liberdade. São eles, os oprimidos, que são o seu povo. E os poderosos não o são como os faraós que se consideravam filhos de Deus.
Mas Deus não entra na história de forma mágica, mas através de pessoas como Moisés, que não são indiferentes à dor dos seus irmãos.

Assim, mostra-nos dois aspectos principais:
Por um lado, Deus é solidário com os nossos sofrimentos e, por outro lado, procura que sejamos solidários e nos comprometamos.

O texto nos conta que naquele dia Moisés vai para longe, conduzindo o rebanho de seu sogro e chega ao monte Horebe, o monte de Deus. Moisés não vai a qualquer lugar, mas ao lugar de Deus, quase como se estivesse em busca dele…

…Em outra época, no Egito, Moisés se rebela ao ver a opressão dos israelitas e mata o egípcio quando vê um hebreu sendo maltratado. Por isso teve que ir para longe, fugindo do Faraó…
Ao chegar ao monte Horebe, ele avista uma sarça que queimava sem se consumir, e ele se aproxima para ver por que a sarça não é consumida. Ali Deus lhe mostra outro caminho; Isso lhe dá outra oportunidade de alcançar a justiça que buscava.

Ele o chama e lhe diz… que viu a opressão do seu povo no Egito, que ouviu o seu clamor e que conhece a sua angústia… E mais ainda, que ele vai descer para libertá-los daqueles que os oprimem.
E então ele lhe dá uma missão:
“Vá então. Estou enviando você ao Faraó para tirar meu povo do Egito.”
“E a quem direi aos israelitas o que me ordena?” Moisés diz
Eu sou quem eu sou. O Deus de seus pais… estarei sempre com você. É a garantia que Deus lhe dá. É o seu nome, o seu ser, a sua essência. Ele está com aqueles que chama a fazer parte do seu povo, os oprimidos e aqueles que estão do lado deles.

Nós hoje, num mundo onde a justiça raramente triunfa… podemos experimentar um Deus que toma partido por aqueles que sofrem e suportam a opressão? Somos indiferentes ou somos rebelados pela injustiça? Quem são os Moisés de hoje?

Este belo Salmo ( 102, 1-4, 6-7, 8 e 11 R) convida ao louvor pelas ações de Deus na história e todo o Salmo é uma enumeração de suas características.
O Senhor perdoa, cura, resgata da cova, enche-o de graça e de ternura, faz justiça, defende os oprimidos, ensina os seus caminhos a Moisés. Ele é compassivo, bom e misericordioso, lento em irar-se e rico em misericórdia.

Na segunda leitura (1 Cor 1-8;1-0-12) Paulo fala da importância de evitar a idolatria e fugir da tentação. Exorta os coríntios a não caírem no mesmo pecado que os israelitas no deserto e os encoraja a permanecerem fiéis a Deus para conseguir a salvação.
O apóstolo enfatiza as bênçãos das quais os israelitas desfrutaram no deserto: todos eles tiveram a proteção do Senhor, comeram o alimento espiritual e beberam a água do rochedo.
O apóstolo declara nem todos conseguiram agradar ao Senhor e aconselha a refletir sobre suas ações e o seu compromisso com Deus.
Na primeira parte deste texto evangélico (Lc 13,1-9), há um diálogo entre Jesus e alguns que dele se aproximam. Ficamos um pouco surpresos com a forma contundente com que Jesus lhes responde…
…Quando lhe falam das vítimas da perseguição dos romanos e das vítimas que caem devido a um acidente.
Jesus então lhes pergunta: Vocês acreditam que eles eram mais pecadores que os outros? Pois bem, eu te digo que não e se você não se converter, se não for solidário, você perecerá assim como eles…
…Suas raízes vão secar. Não darão mais frutos, como a figueira… mas mesmo assim… há uma oportunidade… Aproveitem.
Assim como o agricultor pede outra chance para a figueira que não dá frutos… Espere mais um ano, diz ao dono, não corte. Vou cuidar da terra e colocar adubo, para ver se começa a dar frutos…
Encontramos a imagem da figueira em muitos momentos da Bíblia para representar o povo de Israel, cujo Julgamento se aproximava, devido ao seu fracasso em produzir frutos de justiça. Aqui o texto nos mostra a paciência de Deus.
É uma mensagem para a Quaresma e está relacionada com o texto do Êxodo. Deus liberta os oprimidos, mas pede-nos que sejamos solidários com eles. Ele não quer indiferença. Nossa vida ganha sentido ao nos conectarmos com os outros… É urgente a conversão… Temos outra oportunidade…
Maria Eugênia nos diz algo em sintonia com tudo isso:
“Jesus Cristo nos traz uma libertação que transforma a sociedade”
Conhecer a mensagem de Jesus leva-nos a participar nesta transformação social, a não sermos indiferentes, a sermos solidários.

Marta Elena Podestà
E amigos do Centro Bíblico Ecumênico “No Caminho de Emaús”