25 de Dezembro 2024
“Vamos a Belém”
Celebramos o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Toda a Liturgia traz presente o Mistério da Encarnação e o apelo para contemplar, acolher e nos comprometer na caminhada como Povo de Deus, guiado pela “Luz que vindo ao mundo ilumina todos os seres humanos” (Jo.1,9).
Lucas, no seu relato (Lc.2,1-14), apresenta o momento histórico e o espaço geográfico do acontecimento salvífico: a chegada do Menino Jesus, o Filho de Deus, descendente de Davi, na cidade de Belém. Envolto em faixas, colocado na manjedoura de uma estrebaria, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Em Belém, brilha uma Luz! Jesus está no meio de nós!
Somos chamados a contemplar esse mistério!
Maria e José, portadores da revelação, são os primeiros a contemplar o mistério da presença de Deus, na fragilidade dessa Criança. Quanta beleza e quanta ternura nesse olhar, acolhendo Deus, Senhor da vida, que se faz Pequenino e que podemos abraçar!
Os pobres pastores, considerados na sociedade daquele contexto, como gente marginalizada, são os primeiros a receber o anúncio do Anjo, a Boa Notícia: “Anuncio a vocês uma grande alegria que será para todo o povo …nasceu o Salvador”!
Na simplicidade de seu coração, tiveram a sensibilidade para acolher a Luz, conforme foi dito pelo profeta: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is.9,1). Ficaram admirados, ao ouvir o louvor dos anjos, cantando: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados”. Movidos por essa experiência profunda disseram entre si: “Vamos a Belém” …
Sim, vamos a Belém! Deixamos essa palavra ressoar em nós!
Hoje, eles nos convidam a voltar às raízes, dizendo: vamos contemplar o Verbo Eterno, a Palavra, que se faz silêncio no recém-nascido; vamos acolher no coração, nos braços, Deus infinito que se fez criança, totalmente dependente; vamos abrir nosso espírito, nossos olhos, para ver a luz que irradia o pequeno, na manjedoura. Nesse encontro, vamos descobrir os seus apelos.
Aprendemos que Deus não irrompe na história pelo lado mais alto e mais forte; prefere se revelar pelo lado mais fraco. De fato, Ele voltou-se para a terra, desceu, decidiu fazer-se um de nós (cf. Fil. 2,5-11).
“O Verbo se fez homem e veio habitar entre nós” (Jo. 1,14) assim o Prólogo do Evangelho de João apresenta o mistério da Encarnação. A partir desse momento, o ser humano se divinizou porque Deus se humanizou. No momento que o Verbo de Deus assume um rosto, brota em nós o desejo de sermos mais humanos e de acolher cada pessoa no que ela tem de mais sagrado.
Aprendemos que Deus adentrou na humanidade; então podemos encontrá-lo em nossa interioridade e em tudo o que é humano. Descobrimos o valor dos pequenos gestos de solidariedade, de gratuidade em servir aos outros, de silenciar os nossos anseios egoístas. Sentimos o apelo de escutar mais profundamente as “pequenas vozes” daqueles que são desvalorizados, excluídos por causa de preconceitos, marginalizados devido à sua origem, etnia, culto ou ideologia.
No contexto atual de busca de poder, de prestígio, de posse acumulativa de bens, que gera violência, injustiça, ódio, exclusão, o ser humano precisa encontrar a Luz. Juntos como discípulos, movidos pelo espírito do Natal, somos chamados a apontar caminhos de reconciliação, inclusão, partilha, compaixão, como sinais de esperança.
O mistério do Nascimento de Jesus nos diz que a esperança mantém sempre acesa a chama de luz que carregamos dentro de nós. Jesus é a Luz da esperança que brilha no mundo e na gruta interior de cada um(a).
Que todas as nações acolham a Salvação que vem de Deus, em Jesus, o Emanuel, Deus conosco!
Que a Luz da Esperança renasça em nossos corações e ilumine nossos passos, para caminhar juntos, na estrada da justiça, da fraternidade e da paz.
FELIZ NATAL!
Irmã Laís Teresinha Lacerda