TRANSFIGURAR PARA TRANSFORMAR
Vamos aprofundar os textos deste domingo a partir da palavra “Transfiguração”, deixar-nos iluminar pela leitura do Gênesis e da carta de São Paulo aos Romanos. A partir daí, interpretar nossa missão e a intuição de Santa Maria Eugênia.
Na primeira leitura (Gn. 22,1-2. 9a. 15-18) Deus, que é o Deus da vida, pede a Abraão que sacrifique seu único filho Isaac, única esperança das promessas de Deus. Abraão não entende, mas aceita, mesmo que isso destrua todas as suas esperanças. A fé exemplar de Abraão repousa apenas na palavra de um Deus que um dia lhe deu um filho e outro dia estava para levá-lo embora.
Na segunda leitura (Rm 8,31b-34) O apóstolo Paulo fala aos cristãos de Roma e nos diz que quem tem Deus, o Pai de todos, não deve ter medo, porque Jesus com a sua morte e ressurreição nos deu a vida e a salvação e está sempre intercedendo junto ao nosso Deus Pai.
Marcos 9, 2-10
Já foi dito que a maior tragédia da humanidade é que “quem reza não faz revolução, e quem faz revolução não reza”. A verdade é que existem aqueles que buscam a Deus sem se preocupar em buscar um mundo melhor e mais humano e existem aqueles que se esforçam para construir uma nova terra sem Deus.
Alguns buscam a Deus sem um mundo, outros buscam o mundo sem Deus. Alguns acreditam que podem ser fiéis a Deus sem se preocupar com a terra, outros acreditam que podem ser fiéis à terra sem se abrir para Deus.
Em Jesus, essa dissociação não é possível. Ele nunca fala sobre Deus sem se preocupar com o mundo, e nunca fala sobre o mundo sem o horizonte de Deus. A posição do crente deve ser: Somente aqueles que amam a terra e a Deus da mesma forma podem acreditar no reino de Deus.
No trecho da Transfiguração, vemos Jesus levando seus discípulos a um “alto monte”, lugar por excelência de encontro com Deus. Lá eles viverão uma experiência religiosa que os mergulhará no mistério de Jesus. A reação de Pedro é explicável: “Que bom estar aqui! Vamos fazer três tendas… “. Pedro quer parar o tempo, instalar-se confortavelmente na experiência da religião, fugir da Terra. Jesus, porém, os fará descer da montanha para o trabalho diário da vida e os discípulos terão que entender que a abertura ao Deus transcendente nunca pode ser uma fuga do mundo.
Quem encontra Deus encarnado em Jesus sente mais fortemente a injustiça, o desamparo e a autodestruição da humanidade. Por isso é tão importante ouvir Jesus para sentir que finalmente ouvimos alguém que nos diz a verdade, alguém que sabe por que e para que devemos viver.
A fidelidade à Terra não deve nos afastar do mistério de Deus. A fidelidade a Deus não nos afasta da luta por uma Terra mais justa, unida e fraterna. A missão educativa na Assunção é parte transformadora de um contexto: ouvir as necessidades e as inquietações dos jovens, das famílias e dos povos, à luz da fé.
Que transformação estamos procurando? Uma transformação progressiva, pessoal e abrangente, um processo que nunca acaba. Que cada um seja o que é no coração de Deus “com a maior plenitude possível“. Este processo de transformação, que atinge o interior da pessoa e da comunidade, leva-os a participar ativamente na transformação da sociedade. Sua fonte e sua finalidade é “a extensão do Reino de Deus em si mesmo e nos outros” (Santa Maria Eugênia).