02 de março de 2025

NO NOSSO CORAÇÃO DEVE ESTAR AQUILO QUE RECEBEMOS DA PALAVRA DE DEUS E QUE DEVEMOS TRANSMITIR AO PRÓXIMO.

Celebramos neste domingo o oitavo deste Tempo Comum. Na próxima terça-feira, o Tempo Comum fará uma pausa, e, na Quarta-Feira de Cinzas, iniciaremos o Tempo da Quaresma. O Tempo Comum retomará após a Solenidade de Pentecostes e permanecerá até o fim do ano litúrgico, na Solenidade de Cristo Rei do Universo.

Estamos nos dias de Carnaval. Não podemos nos esquecer de participar da celebração da Eucaristia e da Quarta-Feira de Cinzas. Podemos, com consciência, aproveitar este tempo para nos preparar bem para a Páscoa do Senhor.

A primeira leitura é do Livro do Eclesiástico (27, 5-8) foi escrito em uma época conturbada para o Povo de Deus. Muito judeus abandonavam os valores tradicionais e a fé e se deixaram seduzir pela cultura grega, inclusive assumindo comportamentos de acordo com a sua “modernidade”. Sendo assim a identidade cultural e religiosa do Povo de Deus corria sérios riscos. 

Um “sábio” judeu – Jesus Ben Sirá – apegado às tradições dos seus antepassados, se empenhou em ajudar o seu povo a manter fiel aos valores de sua tradição. Ele apresenta a “sabedoria” de Israel para indicar que a vivência dos valores tradicionais e o respeito à fé – sua identidade – leva a descobrir o caminho seguro para encontrar a liberdade do povo.

Recorre então a imagens para que o povo saiba lidar com comerciantes um tanto escrupulosos. Usa a imagem à do crivo em que as mulheres separavam os grãos de palhas e de folhas; o crivo expõe “as sobras” – que são para descartar – assim também os homens são testados quando falam. 

A segunda imagem é a do forno. O forno, põe à prova a qualidade das vasilhas de barro que nele são colocadas; as altas temperaturas do forno mostram a resistência ou a fragilidade dos vasos de barro. Igualmente as palavras do homem manifestam a qualidade dos seus pensamentos.

A terceira imagem é a da árvore. As árvores boas produzem bons frutos e as árvores más produzem frutos ruins; o fruto revela a qualidade da árvore, assim, as palavras que o homem fala revelam o que ele tem no coração.

Há sempre a possibilidade de se enganar, por isso o autor conclui: “não elogies ninguém antes dele falar, porque é assim as pessoas são experimentadas”; não devemos deixar-nos condicionar por sua fala, pois a palavra põe à prova o que vai no seu coração.

A palavra sempre acaba revelando o interior da pessoa, em uma relação entre sua boca e seu coração, que trazem à luz suas reais intenções, convicções e valores.

A segunda leitura é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 15,54-58). Nessa leitura, Paulo vai dizer que a vida venceu a morte, ou seja, a vida não termina aqui, mas continua na vida eterna. Por mais que o corpo seja corruptível nossa vida irá para junto de Deus. 

Paulo explica com detalhes que a morte perdeu o seu domínio sobre as pessoas, nosso destino é a ressurreição. Cristo deu-nos nova vida. O nosso ser corruptível será transformado em ser incorruptível. Para Paulo, o tempo da vida não acaba, disso ele não dúvida. A vida eterna – a ressurreição – é motivo de alegria e júbilo para o ser humano: “a morte foi afogada na vitória. Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?”. 

O pecado, e tudo que lembra a morte, foi derrotado e não terá mais qualquer poder sobre o ser humano, a ressurreição de Cristo nos libertou. E quem nos dá essa certeza da vitória é o Senhor Jesus Cristo. Por isso Paulo convida a todos da comunidade de Corinto a permanecerem “firmes e inabaláveis, cada vez mais diligentes na obra do Senhor”. 

No evangelho de Lucas (6, 39-45), o “discurso” de Jesus é construindo em cima de perguntas que obrigam os discípulos a pensarem e a darem resposta ao que Jesus propõe: “poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois em algum buraco?” 

Jesus se refere aos fariseus e doutores da lei, que pretendem ser líderes, mas ensinam uma religião legalista, feita de gestos rituais vazios e estéreis, que não aproxima de Deus nem tornam o homem realmente livre. Os discípulos, dando ouvido a esses líderes, arriscam-se a perder Jesus de vista e a desviarem-se do caminho que leva à vida eterna. 

E Jesus diz ainda: “por que vês o cisco que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está no seu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: ‘irmão, deixa-me tirar o cisco que tens no olho’, se tu não vês a trave que está no próprio olho?”. Lembra a ação dos “falsos mestres”, que se apresentam como referência para os seus conterrâneos. 

Jesus utiliza parábolas para exemplificar o seu pensamento: fala de árvores boas que dão bons frutos e de árvores más que dão maus frutos e ainda fala do coração da pessoa, de onde saem bons ou maus sentimentos, bons ou maus pensamentos, bons ou maus gestos, boas ou más palavras. Dá bons frutos, quem tem o coração acolhedor da mensagem de Jesus e dá testemunho fiel com palavras e com atitudes; e essa mensagem só pode gerar união, fraternidade, partilha, amor, reconciliação, nova vida. 

Nas palavras de Jesus há um convite a nos purificar e a renovar o coração, a nos converter ao Evangelho e ao Reino de Deus. É um convite permanente de conversão. Podemos nos perguntar: estamos dispostos a questionar as nossas motivações, os nossos desejos, os nossos pensamentos, as nossas certezas, as nossas práticas?

Temos algum critério para definirmos se o que ouvimos de outras pessoas – “guias” ou “mestres” – está de acordo com o Evangelho, com a proposta de Jesus. Jesus é o nosso verdadeiro “mestre”, o nosso verdadeiro “guia”. O Evangelho de Jesus é, para nós, critério para definirmos os valores que cremos e abraçamos.

Sejamos ainda como árvores verdes que produzam bons frutos e que ajudem o próximo a seguir no caminho do bem. Sejamos homens e mulheres fiéis e que possamos produzir palavras que edifiquem os(as) nossos(as) irmãos(ãs).

Irmã Doracina Rosa Cruz

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