Você já se encontrou, com um endereço na mão, diante de um emaranhado de ruas, e uma pergunta na cabeça: Por onde ir para chegar aonde preciso chegar? A sensação de não saber que caminho tomar para conseguir chegar ao endereço desejado não é nada agradável… Sentir-se perdido, sem rumo, pode até ser desesperador…
Quando se está numa cidade, é mais fácil sair da incerteza. Posso perguntar a alguém que esteja passando, posso caminhar até uma banca de jornal – em geral, as pessoas que trabalham em bancas conhecem as ruas do bairro. Se tiver sorte e estiver perto de um ponto de táxi, posso perguntar a um dos motoristas, que são grandes conhecedores das ruas.
A situação é pior, porém, quando se está passando pela primeira vez numa pequena estrada do interior, e de repente nos encontramos diante de uma bifurcação… Não há ninguém por perto, nenhuma placa indicando algum lugar… A única solução é confiar no instinto, decidir-se por uma das estradinhas e rodar vários quilômetros até que algum sinal nos mostre que o caminho não era aquele… E a solução é voltar atrás até o ponto da bifurcação e tomar a outra estrada…
Sentir-se perdido realmente não é agradável… Há vários níveis deste “sentir-se perdido”, e nenhum deles é bom. O primeiro, e mais imediato, é este de que estamos falando: não saber como chegar ao endereço que desejo. Há um outro, um pouco mais profundo, que é o de não saber como chegar à meta que me propus alcançar. Este pode exigir mais empenho na busca, trocar ideias com quem tem mais experiência, buscar orientação. Mas há um sentido mais profundo ainda: não saber que meios tomar para “acertar na vida”, para dar à minha vida o sentido que ela deve ter.
Em todos esses casos, a grande questão é a mesma: que caminho devo tomar para chegar ao fim que desejo alcançar, seja ele um endereço, uma meta ou o próprio rumo de minha vida.
Já ouvimos muitas vezes alguém dizer que “somos peregrinos nesta Terra”. E é verdade… Neste ano de Jubileu, somos especialmente chamados a sermos “Peregrinos da Esperança”. Nossa vida é um caminhar, é uma peregrinar. Estamos continuamente caminhando para chegar ao nosso “endereço definitivo”, à nossa “meta última”; por isso é importante orientar-nos no “rumo” que Deus nos mostra.
Todos nós queremos acertar na vida. “Acertar na vida” não quer dizer ser famosos, nem ser poderosos, muito menos ter dinheiro… “Acertar na vida” significa ser uma pessoa que deixa marcas boas por onde passa; uma pessoa que outras veem como exemplo a seguir; uma pessoa que demonstra ser feliz com o que é; uma pessoa que está em contínuo crescimento como “gente”, e que inspira outros a crescerem também.
Ser esse tipo de pessoa é a meta que devemos buscar. Mas para chegar a sermos assim é preciso saber qual o caminho a tomar… Aí é que às vezes nos enganamos, pois os caminhos que se apresentam são vários, são verdadeiras encruzilhadas… Precisamos de ajuda… E junto a quem vamos buscar essa ajuda? Nossa mestra de vida, Santa Maria Eugênia, pode nos ajudar. No ano de 1842, ela escreveu, em seu caderno de anotações pessoais: “Tenho um desejo de ser santa que é, agora, toda a minha preocupação”. E. em uma carta, ela volta a esse pensamento: “Este retiro deve ser uma renovação completa na mina vida; tenho 39 anos, por que não andarei agora no caminho da santidade?”
Essas duas citações nos mostram que Santa Maria Eugênia tinha uma meta para a sua vida. Ela sabia para onde queria dirigir sua vida, sabia qual a orientação que queria dar a ela, isto é, sabia em que direção devia ir. E você, que está lendo este texto agora, qual é a meta que você tem na vida? Para onde, em que direção você orienta sua vida? Pare um pouquinho e reflita sobre essas perguntas… Elas são muito importantes, pois é só quando temos clareza sobre para onde queremos ir que poderemos tomar o caminho que nos levará até lá.
Mas não basta saber para onde ir: é preciso tomar os meios para chegar lá. Os meios são “o caminho”. Maria Eugênia queria ser santa: essa era sua meta. Alguém poderá dizer: “Mas essa meta é muito alta, é alta demais…” Não, não é… Pensar que ela seja alta demais é engano dessa pessoa. Deus quer que todos os seus filhos e filhas sejam santos… Está lá no Antigo Testamento, no livro chamado Levítico: “Sejam santos, porque eu, o Deus de vocês, sou santo” (Lev, 19,2). Todos, todas, todos mesmo, somos chamados à santidade.
Porque ela tinha uma meta para sua vida, Maria Eugênia podia saber como chegar lá: “andar no caminho da santidade”. Esse caminho é muito pessoal: não há dois santos iguais… Cada um vive a santidade a seu modo, pois cada um de nós responde ao que Deus lhe pede de acordo com as circunstâncias de sua vida. Não há um modelo de santidade…
Mas há um caminho para se chegar lá… Esse caminho é o seguimento de Jesus, é moldar sua vida pelo Evangelho, é tornarmo-nos discípulos, discípulas de Jesus… Ele mesmo disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6). Seguir Jesus, guardar no coração e vivenciar as suas palavras – esse é o caminho para que nossa vida chegue à meta que Deus sonha para cada um, cada uma de nós. Seguir Jesus é viver conscientemente como filhos e filhas de Deus que somos. Este é o caminho para “acertarmos na vida”.
Pense, reflita, peça a Deus que inspire você. Neste tempo que ainda é um começo de ano, tente clarear para você mesmo a meta que você quer alcançar na vida, isto é, a meta que Deus convida você a alcançar. Em seguida, busque qual a passagem do Evangelho, qual a palavra ou a atitude de Jesus que mais lhe atrai. Peça, então, a Santa Maria Eugênia que ajude você a viver esta palavra ou esta atitude. E siga em frente, porque este é o seu caminho…
Irmã Regina Maria Cavalcanti
Uma resposta
Obrigada Ir. Regina pelo excelente texto e os questionamentos muito bons!!!
No momento é pensar e buscar o que fazer…