A ESPERANÇA EM TEMPOS DE PANDEMIA

A esperança é algo que é essencial em nossa vida de cristãos e cristãs especialmente em tempos de pandemia. Não se trata de uma esperança sem razões fortes. Também não se trata de uma “esperança boba”, no sentido de um otimismo sem fundamento. Quando falamos da esperança cristã, trata-se de uma virtude que, junto com a fé e a caridade, formam o que chamamos de “virtudes teologais” porque elas têm seu fundamento em Deus. A esperança é uma virtude, e você sabe o que significa esta palavra? “Virtude” é “força”. É preciso ser forte para viver a esperança, assim como é preciso ser forte para viver a fé e a caridade, que é, nada mais, nada menos, do que o amor a Deus e ao próximo.

Sim, é preciso ter força para viver a verdadeira esperança nos momentos difíceis da vida. E estamos todos passando por um destes momentos. A pandemia que se espalhou pelo mundo trouxe ao Brasil muito sofrimento: são milhões de pessoas atingidas por esta doença em nosso país, milhares de mortos pelo corona vírus, milhares de famílias que choram por seus mortos…

Vocês se lembram que, há quase um ano, um grito ecoava pelo país: “Vai passar!”. Aos poucos, porém, este grito foi ficando mais fraco… O número de contaminados crescia, o número de mortos também… Graças a Deus –e também à dedicação e muitas vezes ao heroísmo do pessoal que trabalha na saúde, assim como também às famílias – muitas pessoas conseguiram vencer a doença, mas muitas outras foram levadas por ela…

Não podemos deixar que este grito morra no nosso coração. O cristão é uma pessoa de esperança. E de uma esperança firme, porque fundamentada em nossa fé num Deus cujo amor por seus filhos e filhas é infinito. Olhemos a história do Povo de Deus… O povo foi escravizado no Egito, mas Deus o libertou… O povo vagou pelo deserto durante longos anos, mas Deus o conduziu para a Terra Prometida… O povo voltou as costas para Deus, foi novamente derrotado e escravizado por outras nações, pediu novamente socorro a Deus e Deus agiu…

Toda esta longa história, que está na Bíblia, confirma para nós algumas certezas: A primeira delas é a certeza de que Deus nunca nos abandona. Ele está sempre atento à vida de seus filhos e filhas e está sempre pronto a nos ajudar. A segunda certeza é a de que Deus não quer o sofrimento de ninguém. Deus não manda sofrimento para a vida de ninguém. O sofrimento vem de nós mesmos. Somos nós, pessoas humanas, que trazemos sofrimento para a vida de uns e de outros.

Deus nos pede que nos amemos uns aos outros e que cuidemos uns dos outros. Neste tempo de pandemia, como podemos cuidar uns dos outros? Em primeiro lugar, evitar sermos transmissores do vírus. Isto implica seguir as recomendações que os médicos – e também a experiência vivida em outros países – afirmam serem necessárias, e que, no fundo, são simples para seguir: usar máscara, lavar as mãos com frequência, usar álcool-gel, manter o distanciamento social. Outra medida: vacinar-se assim que a vacina estiver disponível. Estas são as medidas pelas quais somos responsáveis. Mas há algo mais a fazer também: pedir a Deus que nos livre desta pandemia.

E aí entram as virtudes teologais… A fé: crer que Deus é poderoso e cheio de misericórdia. Crer que ele ouve nossos pedidos. Crer que ele nos ama e não quer o sofrimento de ninguém… A caridade, o amor: não pedir somente por nós mesmos(as), mas cuidar do nosso próximo rezando pelos que estão sendo contaminados, pelos que já estão com a doença e estão em quarentena, pelos que estão nos hospitais… Abrir o coração e rezar pelo nosso próximo, por aquele e aquela que nem mesmo conheço, mas que sei ser meu irmão, minha irmã… E, por fim, a esperança: confiar na força da oração e no amor infinito de Deus. Ir a ele como uma criança que pede algo a seu pai, certa de que o que foi pedido lhe será dado.
Podemos nos inspirar na oração dos salmos. Os salmos são orações do Povo de Deus, são um testemunho de como o povo, ao longo de sua história, se voltava para Deus nos momentos difíceis pelos quais passava. Rezar com esperança é rezar já agradecendo termos sido ouvidos, tão certos estamos de que Deus nos atenderá. É rezar confiando no poder de Deus e, sobretudo, em seu amor. Vocês conhecem aquele refrão do salmo 130 (129), que diz: “Confia, minh’alma no Senhor, nela está minha esperança”?

Santa Maria Eugênia, nossa fundadora das Religiosas da Assunção, fala sobre a esperança de uma maneira muito bonita. Falando às primeiras Irmãs de nossa congregação, ela diz que precisamos viver, “acima de tudo, a esperança, que nos faz apoiar só em Deus toda a nossa confiança”.

Recentemente, o Papa Francisco viajou ao Iraque, um país muito sofrido não só pela pandemia, mas também pela perseguição religiosa. Muitos cristãos foram mortos por causa de sua fé, muitos outros tiveram que fugir para outros países, deixando tudo para trás. Ele dizia, no dia 07 deste mês de março: “Há certamente momentos em que a fé pode vacilar (….) Nestas situações, lembrem-se de que Jesus está ao seu lado. Não deixem de sonhar! Não se entreguem, não percam a esperança! Do céu, os santos velam por nós(…..) Deixem que eles acompanhem vocês na direção de um futuro melhor, um futuro de esperança!”

Aproveitemos ainda tempo de Quaresma que nos resta para rezar mais, rezar com esperança, com confiança. E levantemos de novo o grito: “Vai passar!” Façamos o que nos compete fazer e tenhamos confiança em Deus.

Ir. Regina Maria Cavalcante.

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