22 de setembro de 2024
“Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos”
O Evangelho e as leituras de hoje nos remetem à Sabedoria de buscar sempre decidir pelo melhor, pela perenidade, pelo Reino – desapegando-se do poder e das benesses terrenas. Estas temporais e passageiras, enquanto a proposta de Jesus é o servir (“Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos”); e o acolher (“Quem receber uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe”). Precedida da primeira leitura onde os ímpios declaram “armar ciladas ao justo através de ultrajes e torturas, além de condená-lo a morte infame”. Porém uma sábia reflexão acompanha São Tiago (3-16) ao refletir que “a sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e boas obras, imparcial e sem hipocrisia”.
Mais atual, impossível. A proposta de Jesus aos discípulos é a cruz, a caminhada que O aguarda, será entregue nas mãos dos homens e será morto. Os apóstolos discutiam entre si sobre qual deles era o maior. As glórias e as benesses para hoje, para o agora, enquanto a visão cristã é justamente do bem mais valioso: a vida eterna. Imaginemo-nos em situação similar no nosso cotidiano e vamos nos deparar com esse contraste sob nossos olhos.
Jesus também invoca e faz como que um pedido aos apóstolos, estendido a todos nós quando colocou uma criança no meio deles e disse-lhes da importância de tratá-las bem, ao ponto de comparar esse gesto como a recebê-Lo e, por conseguinte, “Àquele que Me enviou” – ou seja, o Pai. O afeto para com as crianças mostra-se como um gesto de acolhida dos mais belos dentre vários outros demonstrados nos Evangelhos.
Os gestos simbólicos de que tratam as leituras deixam bem clara a opção do Senhor em que pese o servir e o ser servido – qual opção mais O agrada. Por isso o salmo responsorial endossa que “Deus vem em meu auxílio, o Senhor sustenta a minha vida”. Essa atitude generosa de servir – e não somente ser servido, nos traz uma imediata reflexão: como estou agindo diante do servir?
Os apóstolos esperavam historicamente o Messias que os libertaria do jugo romano. A ideia de um reino glorioso, de um rei lutador, do herói libertador estava presente na cultura e nos acontecimentos históricos passados. Mas Jesus falava que seria humilhado, rejeitado, sofreria publicamente e, finalmente, seria morto. Sequer eles observavam que ao final do ensinamento Ele dizia: “e o filho do homem ressuscitará no terceiro dia”. O foco destes era “quem dentre nós é o maior?”. Na atualidade seria: “quem de nós tem mais seguidores”? O imediatismo impera.
Jesus nos propõe a garantia do eterno, do perene, daquilo que jamais nos poderá ser tirado. O mundo nos conduz para o efêmero, o fácil, o passageiro. A sabedoria de que trata os textos sagrados de hoje é justamente a opção pelo que há de melhor. O caminho é árduo, pois observamos que Jesus não nos fala em facilidades, caminhos curtos ou mais rápidos. Pelo contrário, nos conclama a pegar a cruz e segui-Lo.
Por nós Ele o fez até o fim. Doou-se a si mesmo pela humanidade que ainda hoje, passados mais de dois mil anos, não entende plenamente o seu gesto de amor, dedicação e de SERVIR. Mesmo assim há um caminho a seguir, Ele nos deixa um caminho de conversão quando diz: “Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a MIM, mas Àquele que me enviou”.
Será que estamos entendendo Seu recado?
Que o Senhor me ilumine com a Sabedoria do alto e sustente a minha vida!
@Aderson Castro, São Paulo 16/09/24