28 de julho de 2024

“E comeram o quanto quiseram…”.

Neste domingo as três leituras nos remetem à partilha e a solidariedade. Somente assim encontramo-nos em Cristo. Os textos são entrelaçados pelos gestos de doação, da partilha e da caridade. Eliseu, discípulo do profeta Elias, na primeira leitura (2 Reis 4, 42 – 44), nos traz a oferta de pão aos seus patrícios quando diz ao servo: “Dá ao povo para que coma… Comerão e ainda sobrará”. O servo, mesmo sem compreender fez o que lhe fora determinado. E então “O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a Palavra do Senhor”.
A Carta de Paulo aos Efésios (4, 1 – 6) nos conclama: “…procedei com toda a mansidão, humildade e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade”. Ato contínuo a partilha e a trilogia cristã: fé, esperança e caridade. E caridade evoca em nosso espírito a partilha de que fala o profeta Eliseu e em seguida é confirmada no Evangelho.
Vem a questão: Podemos ser cristãos autênticos sem a partilha?
No canto para salmodiar após a primeira leitura ouvimos: “Abri as vossas mãos e todos saciai generosamente”. A esta generosidade vem atrelada a caridade e a partilha – fundamentos básicos do ser cristão. Agora claramente refletida na passagem (diga-se uma das mais belas) do Novo Testamento denominada “O sinal do Pão” (ou A multiplicação dos Pães) onde João (6, 1 – 5) relata: “Depois que se fartaram, disse aos discípulos: ‘Juntai os pedaços que sobraram, para que nada se perca’”.
A repetição da partilha de Eliseu (853 a 797 a.C) Jesus a faz diante de uma multidão de aproximadamente cinco mil homens (não contadas as mulheres e as crianças) ao abençoar os cinco pães e os dois peixes e distribuí-los àqueles que “comeram tanto quanto queriam”. É tão atual e necessário este gesto de Jesus diante de uma sociedade de acúmulo e centralização dos bens nas mãos de poucos. Um mundo onde um terço de sua população é famélica, cujas estatísticas sobre a (não) distribuição equitativa – ou mínima – de renda o torna excludente e discriminador do outro.
E quem é o outro?
Santa Maria Eugênia nos convida a ver o outro na universalidade que deve ser a ação cristã, quando nos deixa o seu legado. Em especial vamos refletir sobre esta sua frase de 1822: “Que o Evangelho triunfe no mundo. Nunca cessemos de pedir esse Reino universal e social”.
Que é a caridade e a partilha senão esse Reino universal e social? Como ser cristão diante de tanta fome, miséria e descompasso na sociedade em que vivemos? Como podemos deixar que se “torne parte da paisagem onde habitamos” os mendigos, as pessoas em situação de rua, os habitantes das marquises dos prédios? Comover-se já é um ato cristão.
O Pão – alimento básico no cardápio da maior parte da humanidade há milênios. Pão que está presente na oração Pai Nosso. Que não nos falte o pão de cada dia, oramos com fé. E que fazemos nós pelo pão de cada dia do outro? Do próximo?
E quem é o meu próximo?
Senhor, para concluir, Te pedimos que nos dê a sensibilidade da partilha como Eliseu; de reconhecer a caridade como fundamental para vivermos em comunhão com o próximo, como fala São Paulo aos Efésios – e que, finalmente, saibamos praticar e multiplicar o Pão Nosso entre aqueles que necessitam do Pão Vivo, que sóis Vós.


@ADERSON CASTRO, JUL/2024

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