“COMO O PAI ME ENVIOU, ASSIM EU VOS ENVIO”

Neste domingo, estamos celebrando a festa de Pentecostes, que fecha, por assim dizer, o ciclo de domingos do Tempo Pascal. Desde a grande festa da Páscoa, a maior e mais importante festa do ano litúrgico, vínhamos, a cada domingo, celebrando esta presença de Jesus com os seus, levando-os a crescer na fé em sua ressurreição. No domingo passado, celebramos a Ascensão do Senhor, sua última aparição a seus discípulos, antes de voltar para junto do Pai. E agora, na festa de Pentecostes, celebramos o grande dom que é a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja e sobre cada um, cada uma, de nós.

No final da Missa, o Círio Pascal, que desde a Vigília da Páscoa era aceso significando a presença entre nós do Ressuscitado, vai ser apagado… Isto não significa que ele vai deixar de estar presente entre nós, mas nos faz entender, de uma maneira simbólica, que ele está presente em cada um de nós, que acreditamos nele e o seguimos, mas de um modo diferente: não o vemos, ele não aparece mais… No entanto, ele está, sim, presente no coração de cada um de seus seguidores, por meio de fé.
Mas vejamos o que nos dizem os textos da liturgia de hoje:

A Primeira Leitura, tirada do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2, 1-11), conta o fato que celebramos hoje: a vinda do Espírito Santo sobre os discípulos. “Estavam todos reunidos no mesmo lugar”, diz o texto. Todos, isto é, os apóstolos, Maria, alguns discípulos, mulheres e homens – em outras palavras, o primeiro núcleo dos seguidores de Jesus, daqueles que acreditavam nele e que confiavam nele.

 Estavam esperando a realização do que ele mesmo tinha prometido: o envio do Paráclito, do Consolador, do Espírito da Verdade, que os haveria de relembrar tudo o que o próprio Jesus havia ensinado… Mas estavam com medo… O povo da cidade conhecia vários deles e sabia que eram seguidores de Jesus, que tinha sido condenado a morrer numa cruz. Eles sabiam também que o Sinédrio tudo faria para apagar da memória do povo as palavras de Jesus… Sua fé os fazia permanecer fiéis a ele, mas o medo de serem perseguidos e mortos também existia em seus corações. Todos nós nos lembramos do relato das primeiras aparições de Jesus Ressuscitado, quando ele se fez presente diante dos apóstolos, que estavam reunidos numa sala com as portas trancadas…

No dia de Pentecostes, a cidade de Jerusalém estava cheia de judeus que tinham vindo de vários países pata celebrar uma grande festa religiosa fazendo uma peregrinação ao Templo. Quando o Espírito veio sobre os apóstolos, como nos conta esta Primeira Leitura de hoje, eles foram profundamente transformados. De homens paralisados pelo medo tornaram-se intrépidos e corajosos. Saíram, foram à praça e começaram a pregar, falando de Jesus… E o Espírito, que lhes tinha dado coragem, mostrou também que Deus estava com eles, fazendo que aqueles que ouviram sua pregação compreendessem, cada um em sua própria língua, a mensagem que eles estavam anunciando.

Naquele dia, a universalidade da Igreja nascente se fazia sentir. O anúncio de Jesus, que os apóstolos faziam com a sua pregação, era para todas as pessoas, em todos os países e em todas as culturas. Deus quer que a mensagem de seu Reino chegue a todos os seus filhos e filhas, através do mundo todo. Por isso, nossa Igreja é chamada “católica” – palavra que significa “universal”. Naquele dia de Pentecostes, o testemunho dos apóstolos sobre Jesus, o Filho de Deus e o Messias prometido, foi entendido em várias línguas. E até hoje, a mensagem de Jesus continua sendo anunciada através do mundo inteiro.

O Salmo de hoje [Sl 103 (104)] nos convida a unir nossas vozes para pedir que o Espírito Santo venha e nos transforme, como transformou os apóstolos, para que nossa Terra seja renovada. Se olharmos para este mundo em que vivemos, vamos perceber que ele está bem longe daquilo que Deus quer… Há poucos dias, todo o país se comoveu com a situação pela qual passa uma grande parte da população do Rio Grande do Sul, resultado das mudanças climáticas, muitas vezes fruto de descaso e de ambição desmesurada que não respeita a natureza e leva nosso planeta a situações extremas. Há também muita injustiça em nosso mundo, muita desigualdade social, muita falta de fraternidade… Peçamos que o Espírito Santo nos renove interiormente para que nossa Terra seja renovada, tornada a morada que Deus quis para todos os seus filhos e filhas.

A Segunda Leitura (1 Cor 12, 3b-7.12-13) nos fala da diversidade dos dons do Espírito. Ele faz uma bonita comparação entre esta diversidade e a realidade do corpo humano. Assim como nosso corpo é composto por diversos membros, cada um dos quais com funções diferentes, mas colaborando todos para o mesmo objetivo, ou seja, a manutenção de nossa vida, assim cada um de nós, na Igreja, tem dons e funções diferentes, mas orientadas para o mesmo fim: a vida da comunidade dos fiéis,
A liturgia de hoje apresenta algo diferente dos domingos normais: uma Sequência. Esta é uma grande oração, na qual pedimos mais uma vez a vinda do Espírito Santo sobre nós e sobre toda a Igreja. 

No Evangelho, (Jo 20,19-23), Jesus confirma a fé dos apóstolos mostrando-se a eles vivo, mas carregando as marcas da crucifixão. “Foi crucificado, morto e sepultado….. Ressuscitou ao terceiro dia” – dizemos nós quando rezamos o Creio. Ao aparecer diante dos apóstolos, que estavam trancados por medo dos judeus, Jesus se mostra vivo e faz com que vejam os sinais dos pregos em suas mãos e em seus pés. Eles se alegram ao verem o Senhor, fortificados em sua fé.

É esta a mesma fé que professamos nós hoje, mais de dois mil anos depois destes acontecimentos. Somos cristãos porque cremos em Cristo, o Filho de Deus que por nós se fez homem, foi crucificado e ressuscitou.

Ao serem fortificados na fé, os apóstolos se tornam capazes de dar testemunho desta fé, anunciando Jesus e sua Palavra a quem não o conhecia. Eles se tornam continuadores da missão do próprio Jesus, que era a de proclamar o Reino de Deus. “Como o Pai me enviou, assim eu vos envio”, disse Jesus. O projeto do Pai é que a mensagem de seu amor para com todos os seus filhos e filhas seja anunciada a todos. Por isso Jesus envia os apóstolos, e nos envia a nós também. Hoje somos nós que ele envia. Sim, como os apóstolos, também nós recebemos o dom do Espírito Santo em nosso Batismo e em nossa Confirmação. Ele nos fortalece e nos torna capazes de dar testemunho de nossa fé em todos os ambientes em que vivemos: na família, no trabalho, na escola, na sociedade. 

Peçamos, portanto, nesta festa de Pentecostes, que o Espírito Santo faça de nós homens e mulheres de fé e de compromisso, que saibam levar a paz e a fé por onde forem.

Irmã Regina Maria Cavalcanti

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