O REINO É UM PRESENTE QUE DEUS DÁ AOS QUE O AMAM
Em comunhão com toda a Igreja no Brasil, iniciamos hoje o Mês Vocacional, oportunidade que temos para rezar, refletir e desenvolver ações junto às juventudes despertando o chamado de Deus para o serviço do Reino. Este ano temos o Tema: “Cristo vive! Somos suas testemunhas” e o Lema: “Eu vi o Senhor!” (Jo.20,18). O que vimos e ouvimos, precisa ser passado aos outros e às outras, principalmente as juventudes. Temos que aquecer os corações das juventudes. Trabalhando para que nada os destruam. “A injustiça que fere e que mata, tanto homem, criança e mulher, faz o jovem viver sem sentido, frustrado, perdido, distante da fé” (CF). O Papa Francisco afirma que os jovens são o “rosto da Igreja”. Pelos jovens “entra o futuro do mundo”. Daí, vem a missão da Pastoral Vocacional, para despertar o “gigante adormecido” que cada pessoa carrega consigo sem dar conta.
A primeira Leitura, do livro da Sabedoria (18,6-9), fala de um pacto divino. De um juramento. … “de comum acordo, fizemos este pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. .A leitura nos convoca à fidelidade a aliança que Deus fez com nossos pais. Fica para cada um a missão de dar continuidade da vivência cristão, o pacto divino que nos é proposto na liturgia deste domingo.
A segunda leitura, da Carta aos Hebreus (11,1-28-19), lança um desafio de ser testemunhos, de partir sem saber onde chegar, mas a fé nos coloca em sintonia com a vontade de Deus que “conduz tudo”. Santa Maria Eugênia de Jesus, confirma esta certeza. Não tenham medo de se deixar conduzir pela Palavra das Sagrada Escritura, luz que ilumina e fortalece a fé.
O Evangelho de Lucas (12, 32-48) da liturgia de hoje, vem com palavras de encorajamento “Não tenha medo, pequeno rebanho, porque o Pai de vocês tem alegria em oferecer-lhe o Reino”. Sabemos que quando o Evangelho foi escrito a comunidade situava-se no meio do Império Romano. Havia muitas perseguições. O povo era frequentemente exposto a ser rejeitado sob o peso das mentalidades socioculturais e religiosas desse primeiro século. A nossa realidade se aproxima da comunidade primitiva, com suas dificuldades, medos e desafios.
Hoje a Igreja continua como um pequeno rebanho no meio de certos impérios poderosos e dominadores que impedem as pessoas de usufruir de sua liberdade. Muitas vezes sendo colocadas num campo de refugiados, sem voz e sem vez. Por isso, o Papa Francisco enviou uma vídeo-mensagem aos refugiados do Centro Astalli, fazendo uma grande prece: “Perdoem o fechamento e a indiferença de nossas sociedades que temem a mudança de vida e de mentalidade que sua presença exige. Cada um de vocês pode ser uma ponte que une povos distantes, que torna possível o encontro entre culturas e religiões diferentes, um caminho para voltar a descobrir nossa humanidade comum”. O povo clama por justiça, igualdade e dignidade humana. Jesus confirma que o Pai nos dá o Reino. O Reino é um presente, é dom que Deus Pai dá de graça aos que o amam. Ele promete estar conosco até o” final dos tempos”. Deus é fiel, sua promessa nunca falhou e nunca falhará. A esperança nos sustenta e reanima na caminhada neste mundo cheio de contradições e incredulidade. Indo a Jerusalém, Jesus assume a identidade de um peregrino, e conta a “parábola do Bom Samaritano”. Deus se revela nos caídos e caídas da sociedade. O Evangelho deste domingo traz palavras de confiança e certeza da presença do Pai. Ele quer que o Reino de Deus ocupe o lugar central de nossa vida. O que vai nos ajudar é a vivencia fraterna, onde a partilha está em primeiro plano.
Algumas dicas de reflexão. Uma delas é a nossa postura de peregrinos: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas.” Quem caminha pela “noite da Libertação” necessita carregar uma lamparina. O caminho pode ser longo e a estrada estreita, mas a fé amplia nossa visão e faz ver o horizonte onde o queremos alcançar. “O cristão é um homem ou uma mulher que sabe esperar por Jesus”. Somos o povo escolhido por Deus. “Vamos derrubar o muro que nos divide, se estamos divididos somos inimigos”, diz ainda o Papa Francisco. É preciso estar vigilante para não cometer os mesmos erros do mau administrador. Estar de olhos abertos para a realidade sofrida do povo que está em situação de guerra, que busca uma pátria onde é possível viver em paz. É um chamado de Deus para quem quer seguir o Mestre Jesus, preparando sua vinda gloriosa através da vigilância e anuncio do Reino definitivo.
O salmista confirma que Deus olha para quem o teme e nele coloca sua confiança; e, quem é reto, glorifica Aquele que nos escolheu por sua herança. Tendo consciência do dom recebido, qual resposta podemos dar? Estou pronto a dar a vida como colaboração na obra de Deus em um mundo dividido e injusto? No seguimento de Jesus a alternativa é não ter medo do novo. Ir em frente, cultivando a esperança, a solidariedade e a fraternidade. Sem esquecer da lâmpada acesa, pois a escuridão é imprevisível. Não sabemos a hora em que chega o inimigo. Aguardemos a vinda do Senhor, com a luz da fé, que Ele não nos encontre divididos. Somos gente de esperança que caminha rumo ao céu. ”Vamos derrubar” o muro que nos separa. De braços abertos acolhamos o mundo sem deixar ninguém fora. A vigilância nos ajuda na caminhada para Deus.
Guardemos as palavras do Papa Francisco na sua viagem a Lampedusa: “a cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas, mas não são nada, são puras ilusões do fútil, do provisório. Cuidemos para não cairmos na globalização da indiferença”.
Irmã Maria Teixeira RA