Sim, ele se foi de mansinho, quando pensávamos que ele ainda estaria entre nós… Ele tinha ameaçado ir antes, mas, para nossa alegria, ficou… Quando menos esperávamos, veio a notícia: ele nos deixou…
Nos últimos dias deste mês de abril, o mundo acompanhou, comovido, a partida de nosso Papa Francisco. Estávamos todos tão acostumados a ver aquele sorriso tão verdadeiro, tão humano, tão significativamente cheio de bondade e de proximidade… Durante os longos dias de sua internação hospitalar, o mundo inteiro rezou por ele. Cristãos de outras Igrejas que não a nossa, pessoas que professavam outras religiões, todos se uniam a nós pedindo pela recuperação da saúde daquele homem vestido de branco que transmitia paz e a proximidade de Deus.
Mas o fim de sua missão nesta nossa Terra chegou, e ele partiu… Resta-nos um sentimento de saudade e a convicção de uma missão que incumbe a cada um de nós: fortalecermo-nos cada vez mais em nossa vivência de fé e sermos o “sal da Terra”, de que fala Jesus no evangelho. Em outras palavras, dar testemunho, por nossa vida, dos valores do Reino que Jesus nos transmitiu.
Estamos vivendo dias de “Sede vacante” – expressão latina que significa “Sé (ou Sede) vazia”: a cadeira de presidência está vazia… Estamos na expectativa sobre quem assumirá a difícil missão de conduzir a Igreja nestes tempos conturbados que são os nossos. Quem será o eleito pelos Cardeais, esses homens que têm o pesado encargo de escolher um novo Papa?
Nesses dias, os jornais estão focados no processo de escolha daquele que sucederá ao Papa Francisco. Entrevistas e artigos passam em revista os Cardeais que despontam como mais conhecidos ou como, talvez, favoritos para esta eleição. E, para cada um, apresentam argumentos “por” e argumentos “contra” sua possível escolha como o próximo Papa… Que isto não nos assuste. Todos eles são apenas homens, isto é, pessoas que têm qualidades e também defeitos. Nenhum deles é um “super-homem”, alguém que tenha qualidades extraordinárias e nenhuma falha… Eles são tão humanos como nós. No entanto, um deles será escolhido para ser o Pastor do rebanho de Cristo.
Alguns deles são nossos conhecidos. Há, por exemplo, sete Cardeais brasileiros que estão em Roma para a eleição do futuro Papa. Mas não conhecemos a maioria deles. De alguns, conhecemos apenas o nome, e isso talvez só devido aos noticiários que lemos nos jornais ou assistimos na televisão estes dias. De muitos outros, nem os nomes sabemos… Mas de uma coisa temos certeza: quem for eleito, o será porque Deus assim o quis. Os Cardeais em Roma e os fiéis, espalhados pelo mundo todo, estão pedindo ao Espírito Santo que inspire os Cardeais eleitores para que seja escolhido aquele que saberá conduzir a Igreja da melhor maneira possível neste século XXI em que vivemos.
Para nós, religiosas ou leigos, que temos Santa Maria Eugênia como mestra e modelo de vida, o amor à Igreja é uma nota característica. Em vários de seus escritos, ela volta a esse tema, lembrando-nos de que somos filhos e filhas da Igreja, que orienta a caminhada de quem se propõe seguir Jesus. Vejamos o que Santa Maria Eugênia nos diz a esse respeito: “Para Jesus, a Igreja é seu Corpo Místico, e cada fiel é um de seus membros. Isto é uma grande consolação para nós” (22/12/1855). “Nesta festa do Papa (Nota da Tradução: o 50º aniversário do episcopado de Pio IX, que era o Para daquela época.) há dois pensamentos que me ocupam. O primeiro é que a Assunção deve estar sempre ligada ao Papa e à Igreja por meio de uma afeição não somente a Pio IX, mas a todos os Papas que o seguirão na Cátedra de São Pedro” (08/06/1877). “Gostaria de lhes lembrar o dever que temos de rezar pela Igreja, dever que se torna ainda maior diante dos acontecimentos que estamos atravessando” (13/07/1877). “A segunda marca característica do espírito da Assunção é, pois, o amor à Igreja, uma fé muito viva (……) É preciso amar a Igreja em seus ensinamentos, em sua História, em suas tradições, em suas devoções. É preciso amá-la em tudo o que ela nos propõe” (05/05/1878).
Santa Maria Eugênia insiste sobre o amor à Igreja que nos caracteriza. Acredito que todos nós tenhamos nos afeiçoado muito fortemente ao Papa Francisco. Seu testemunho de vida, sua simplicidade, humildade e proximidade ganharam os corações desde o primeiro momento em que apareceu à multidão reunida na Praça São Pedro, no Vaticano, no dia em que for eleito. Quando veio a falecer, vimos pela televisão quantos milhares de pessoas vieram prestar homenagem a ele, rezar junto a seu corpo, acompanhar sua passagem pelas ruas de Roma até o local onde foi sepultado. Tudo isso mostra quanto ele foi respeitado e amado.
Estamos agora num tempo de espera…Quem será que vai sucedê-lo na difícil missão de guiar os caminhos da Igreja neste nosso mundo tão polarizado, tão cheio de projetos políticos divergentes, tão marcado por guerras, tão cheio de injustiças de todo tipo?…
Lembremo-nos das palavras de Santa Maria Eugênia e rezemos pela Igreja, pedindo ao Espírito Santo que inspire a escolha do novo Papa. E rezemos por ele – que ainda não sabemos quem será – para que ele possa continuar o que Francisco começou. Que este Ano Jubilar, Ano da Esperança, veja o início de atuação daquele que herdará a missão que Jesus deu a Pedro: “Cuide de minhas ovelhas” (Jo. 21, 17). O Papa Francisco se foi… Mas estejamos prontos(as) a acolher o novo Papa, pois por meio dele a palavra de Jesus vai se cumprindo: “Eis que estou com vocês até o fim dos tempos” (Mt 28,29).
Irmã Regina Maria Cavalcanti