15 DE DEZEMBRO DE 2024
ALEGRIA, ALEGRIA
Estamos já na metade do Tempo do Advento. Dos quatro domingos que o compõem, este já é o terceiro… O grande símbolo deste tempo, colocado perto do altar e que chama a atenção quando entramos na igreja, é a coroa do Advento. As quatro velas nela presentes, que vão se acendendo uma a uma a cada domingo que passa, são altamente simbólicas em sua cor.
O Advento é o tempo litúrgico em que nos preparamos para celebrar o grande Presente que Deus nos dá: seu próprio Filho que se faz homem e cujo nascimento celebramos no Natal – Jesus Cristo. Mas o Advento não á apenas uma preparação para o Natal. Ele é muito mais do que isto… Ele nos faz mergulhar na História da humanidade, assim como ele nos leva a viver de modo consciente o caminho de nossa própria história pessoal.
As leituras do Antigo Testamento ao longo dos domingos do Advento nos fazem perceber como a humanidade ansiava pela salvação. Nós também nos sentimos cercados pelo mal, precisando de um Salvador… E por quê tudo isto? Porque nós, seres humanos, ainda não aprendemos a respeitar a vida de outros seres nem da própria natureza… Porque nos deixamos dominar pelo desejo de lucro, de poder, de colocar tudo e todos a nosso serviço… Porque o mal, o pecado, mora em nosso coração… Porque por nós mesmos não conseguimos sair desta situação… Porque precisamos de um Libertador…
Nossa fé nos ensina que o Libertador já veio: é Jesus. Precisamos, agora, é viver como ele nos ensinou a viver. Orientar-nos pelos valores que ele pregou. Em outras palavras: converter-nos ao Evangelho.
A verdadeira preparação para o Natal não é arrumar o presépio, enfeitar a árvore, preparar a ceia, comprar os presentes… A verdadeira preparação para celebrar em verdade o nascimento de Jesus é nos dispormos a viver o Evangelho… É para isso que o Advento nos chama.
Se nos dispusermos a viver essa conversão de vida, então o presépio, a árvore, a ceia, os presentes ganham um sentido. Mas se não nos dispusermos a essa atitude profunda de mudança nos rumos de nossa vida, todas essas outras coisas se tornam apenas “tarefas” que nos cansam… Os símbolos e os textos bíblicos do Advento estão aí justamente para nos ajudar a viver esta atitude de conversão. Por isso, eles nos falam dos sentimentos que vamos vivenciando nestas semanas que antecedem a grande celebração do Natal. De fato, vejamos:
O acender progressivo das velas da coroa do Advento significa esse crescimento da Luz interior, que é a presença de Deus em nós e na nossa História. Cada ato de bondade, de amor, de fraternidade, de justiça, de fé que fazemos faz com que nossa vida se ilumine mais e se torne luz em nosso entorno, iluminando também os que convivem conosco.
Dizíamos acima que a cor das velas significa sentimentos e atitudes que, ao serem vividas, os transformam em portadores(as) de luz. Assim, a primeira vela que foi acesa foi a verde, símbolo de esperança. Aprendamos a ser pessoas de esperança. Não nos deixemos dominar por sentimentos negativos de “não adianta”, “nada vai mudar”, “é inútil”… Saibamos nos entusiasmar e entusiasmar os outros… Semeemos esperança – foi o que nos foi proposto na 1ª semana do Advento.
A 2ª semana nos trouxe um choque de realidade: a vela acesa foi a roxa, sinal de penitência, de reconhecimento de nossas faltas e de nosso pecado. Somos todos pecadores… É preciso que reconheçamos isso e saibamos pedir perdão. Sabemos também que Deus é Pai, é Amor e é Misericórdia. Por isso, reconhecer que somos pecadores não nos abate; esse reconhecimento é temperado pela esperança no perdão que Deus nos dá.
Estamos já no 3º domingo do Advento, iniciando a 3ª semana. E qual é a vela acesa hoje? A vela rosa, que nos fala de alegria. Esta é a tônica das leituras de hoje, e do que deve ser nossa vivência dominante nessa caminhada para o Natal. Vejamos o que nos dizem os textos de hoje:
A Primeira Leitura (Sf 3, 14-18a) começa com um grito de convite à alegria: “Canta de alegria, cidade de Sião, rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração…” Por que será que o profeta Sofonias convida o povo a se alegrar? Ele mesmo responde a essa pergunta, um pouco adiante no mesmo texto: “O Senhor está no meio de ti, nunca mais temerás o mal…… Ele te salva”. Esta é também a nossa alegria. Vocês repararam que, na Missa, quando o celebrante diz “O Senhor esteja convosco”, nossa resposta é “Ele está no meio de nós”? Sim, ele está no meio de nós, ele está conosco; e, porque ele está conosco, ele nos salva… Alegremo-nos!
O Salmo, na realidade um cântico do profeta Isaías, vai no mesmo sentido: “Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel”.
A Segunda Leitura, a carta aos Filipenses, (Fl 4, 4-7) insiste nessa mesma afirmação: “Alegrai-vos sempre no Senhor….. Ele está próximo”. Por que tanta insistência na alegria neste domingo? Porque a alegria deve ser a marca do cristão… Nós, cristãos, não somos um povo de tristes… Somos alegres porque sabemos que Deus é um Pai que nos ama com ternura, que quer o nosso bem, e que em Jesus, seu Filho, nos salvou. Nossa maneira de ser, de viver, dá testemunho de nossa fé.
É isto o que João Batista nos diz no Evangelho de hoje. À multidão que lhe perguntava o que devia fazer, ele respondeu: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem, e quem tiver comida, faça o mesmo”. Aos cobradores de impostos, ele disse: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. E aos soldados, que lhe faziam a mesma pergunta, ele respondeu: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário”. É com ações bem concretas que manifestamos nossa fé em Deus.
A Oração deste domingo pede que “possamos chegar às alegrias da salvação”. Que nesta semana nos preparemos mais intensamente para celebrar o Natal do Senhor no reconhecimento de nossas faltas, mas também na esperança e na alegria de nos saber amados pelo Deus que nos salva.
Irmã Regina Maria Cavalcanti