O bolo já tinha saído do forno, bonito, cheiroso, dando todos os sinais de que estaria gostoso também… A casa estava se preparando para uma festa: era o aniversário da avó. A menina estava maravilhada, vendo o bolo sendo feito pela mãe. Os preparativos, a mistura dos ingredientes, o untar da fôrma, a colocação no forno, o cheirinho delicioso que encheu a cozinha, a visão do bolo sendo tirado da fôrma – e, agora, a magia de confeitá-lo, dando-lhe cor e mais beleza ainda… Os olhos da menina seguiam, encantados, todas estas etapas.
E foi aí que surgiu a pergunta: “Mãe, quantas velinhas vamos pôr no bolo?” A mãe parou o que estava fazendo e olhou para a menina. “Vamos pôr só uma, grande e bonita. Não dá para fazer no bolo da vovó o que a gente faz no bolo de seu aniversário: uma velinha por cada ano de vida… Já pensou?… Noventa…”
Realmente, noventa anos de vida é um tempo bem longo. Um tempo durante o qual muita coisa aconteceu… Vocês, que estão lendo este texto, certamente ainda não chegaram lá. Mas cada um de nós tem seu “baú de lembranças” do passado Tenhamos vinte, trinta, quarenta cinquenta, sessenta anos ou mais, temos todos um belo filme de longa metragem de nossa própria vida. Pessoas, fatos, lugares, lágrimas e risos povoam esse “filme”…
Para assistir a esse filme, não precisamos pagar entrada nem marcar hora para chegar no início da sessão. Estamos no mês de dezembro, no fim de um ano, e este é o momento ideal para uma boa revisão, isto é, para visitar nosso próprio passado. Estamos tão acostumados ao corre-corre de nosso momento presente, com as cobranças de agenda, que não paramos para lançar um olhar por cima dos ombros para aquilo que já vivemos – e que, talvez, tenhamos até esquecido… “Recordar é viver”, dizia um samba antigo. E é verdade: a memória é uma faculdade humana que contribui para que tenhamos consciência de nossa própria identidade. Lembrar o passado nos ajuda a viver o presente.
Pois então, vamos nessa… Convido cada um dos leitores e leitoras deste texto a parar um pouco e soltar o freio de sua memória… Vamos nos lembrar de onde viemos… Da família na qual nascemos… Das pessoas que nos marcaram, que nos ajudaram a crescer, a ir nos tornando a pessoa que somos hoje… Talvez algumas destas pessoas já estejam com Deus, outras estão ainda aqui conosco… Com algumas delas continuo me relacionando, mas de outras me afastei… Por que razão?…
Continuemos a visitar nosso passado, nossa própria história, nossa própria caminhada pela vida. Quais foram os fatos mais marcantes que vivi?… Eles me trouxeram alegria? … Ou foram ocasião de sofrimento para mim?… Nesse caso, como os fui superando?… Que descobertas esses fatos, alegre ou tristes, me levaram a fazer?…De que maneira eles me marcaram?… Este ano que está quase terminando trouxe algo de especial para mim?… Que lugar teve Deus na minha vida?… E que lugar tem ele hoje no meu dia-a-dia?…
Cada um pode acrescentar outras perguntas que achar necessárias para essa sua “visita ao passado”. O importante é não passarmos pela vida “em brancas nuvens”, mas vivermos de modo consciente, reconhecendo os embates e as recompensas que a vida nos traz e sabendo crescer a partir de tudo isto. São Paulo nos diz> “Tudo concorre para o bem daqueles que temem a Deus”. Quando Paulo fala “dos que temem” a Deus, ele não quer dizer “dos que têm medo” de Deus, mas sim “dos que respeitam a Deus”. Pois ninguém deve ter medo de um Deus que é Pai, que é Amor, que é Misericórdia e Perdão…
Santa Maria Eugênia também nos guia nessa nossa revisão de vida. Ela coloca o foco, nesta nossa visita ao passado, na vivência cristã que, como pessoas de fé, devemos ter. Ela começa dizendo: “Estamos terminando um ano no qual a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo deve ter se desenvolvido em nós”. Somos filhos e filhas de Deus. Somos seguidores(as) de Jesus. Portanto, devemos procurar seguir os seus passos, tornando-nos, ao longo da vida, cada vez mais parecidos(as) com ele… E Santa Maria Eugênia continua: “Um ano se passou. Nesta ocasião, examinemo-nos: Em que medida, durante este tempo, eu me aproximei de Nosso Senhor? Em que medida ele viveu em cada um(a) de nós? Em que medida ele nos comunicou sua vida?” (Sta. Maria Eugênia de Jesus, Instruções de Capítulo, s/d.).
Com estas palavras, Santa Maria Eugênia nos propõe um outro tipo de viagem ao passado. A proposta que ele nos faz é em relação à nossa vivência cristã. Como batizados(as) que somos, temos a vida de Deus em nós. Como pessoas de fé, nós nos propomos seguir os passos de Jesus. Como discípulos e discípulas dele, queremos moldar nossas vidas por aquilo que ele viveu. Por esta razão, Santa Maria Eugênia nos provoca a nos examinar-nos sobre nossa “semelhança” com Jesus…
Alguém poderá dizes: “Mas, quem sou eu para me parecer com Jesus?” Igual a ele, ninguém pode ser. Mas somos chamados “cristãos, cristãs” porque temos Cristo como Mestre, porque queremos assumir sua maneira de ser. Vocês se lembram daquela canção do Pe. Zezinho em que ele respondia à pergunta de uma criança que queria saber como ser feliz? Uma parte da letra dizia: “Pensar como Jesus pensou; amar como Jesus amou; viver como Jesus viveu…” Sim, é possível tomar Jesus como modelo para nossas ações, nossas relações, nossas opções…
Esta pode ser também uma maneira de visitar o meu passado. Ao longo desse ano que está terminando, como tenho tentado me modelar nas palavras, nos gestos, nas atitudes de Jesus? Se este for o meu roteiro em minha visita ao passado, esta minha “viagem” vai me impulsionar também para a frente, para o futuro, pois o Evangelho vai se tornar o mapa de minha caminhada pela vida. Façamos esta viagem… Posso assegurar a vocês: ela vale a pena…
E, desde já, um feliz 2025, Ano da Esperança!

Irmã Regina Maria Cavalcanti 

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