1º de setembro de 2024

O que importa é o que sai do coração do ser humano

O texto da primeira leitura (Dt 4,1-2.6-80) é uma releitura da caminhada do povo pelo deserto, rumo à Terra Prometida. Foi escrito provavelmente no final do Exílio, para manter a identidade e a esperança do povo exiliado na Babilônia. É um convite feito ao povo, através de Moisés para escutar e praticar as leis de Deus. O povo será libertado se acolher os mandamentos de Deus.

Os mandamentos de Deus são justos, corretos e verdadeiros, aproximam as pessoas de Deus e estão à serviço da liberdade e da vida. Assim nada deverá ser acrescentado ou retirado deles. Quem pratica os mandamentos de Deus será reconhecido como sábio e inteligente.

No passado Deus retirou o povo da escravidão do Egito e como ele é um Deus próximo, vai levar reconduzir o povo exilado para Jerusalém. O povo deve se conscientizar que a lei de Deus é justa e dessa forma deve observá-la.

O Salmo Responsorial (Salmo 15(14) nos diz que aquele que for fiel a Deus através da prática de seus mandamentos de amor ao próximo, habitará em sua casa. 

A segunda leitura é da Carta de Tiago (Tg 1,17-18.21b-22.27) e está dirigida aos judeus que vivem fora de Israel e se reúnem na sinagoga. 

Mostra uma preocupação com a acolhida e a prática da Palavra de Deus. Pela Palavra Deus criou toda a humanidade e sendo Deus, o Pai das Luzes, nossa vida é iluminada por Ele. Deus nos deu a vida e colocou sua Palavra em nossos corações para que a acolhamos e pratiquemos.

A religião verdadeira e desejada por Deus é a que Jesus, a Palavra encarnada, nos deixou: cuidar dos pobres e dos que sofrem sem se deixar corromper pelo mundo. 

O texto deste domingo foi retirado do Evangelho de Marcos (Mc 7,1-8.14-15.21-23). Este Evangelho foi escrito por volta do ano 70, na Galileia. A Galileia era uma região em que havia muitos outros povos além dos judeus. Entre os seguidores de Cristo havia judeus e havia pessoas vindas do paganismo. Isso causou conflito entre eles. O texto do evangelho deste domingo mostra o conflito através da divergência de ideias entre os fariseus e os discípulos de Jesus. A causa do conflito é a lei. Os fariseus pensavam que o povo para se tornar santo devia seguir as 613 leis do judaísmo. 

Marcos ilustra este conflito colocando uma disputa entre os fariseus e Jesus a respeito das leis. Entre essas leis havia muitas relacionadas com a questão da pureza e muitos eram os rituais de purificação. A questão colocada no texto (lavar as mãos antes de comer) não era uma questão de higiene, mas considerada um ritual de pureza. Na Galileia onde a população convivia com pessoas de várias etnias este costume não era considerado tão necessário. Assim Marcos coloca na boca de Jesus uma contestação em relação a este ritual: o que importa é o que sai do coração do ser humano, ou seja, os sentimentos, os desejos. Não são as práticas vazias que levam as pessoas à Deus, mas o coração verdadeiramente voltado para Deus e para os irmãos e assim o reinado de Deus será uma realidade.

Jesus responde aos fariseus citando Isaías (vs 6-8), dizendo que eles vivem uma religião de aparência.
Jesus chama as pessoas a conhecer e vivenciar o essencial da sua proposta, que é deixar que Deus reine em nosso meio. Ele quer um coração realmente convertido aos ensinamentos de Deus, um coração voltado para o amor à Deus, comprometido com os que sofrem, com os injustiçados, com os pobres. E não é através do cumprimento de numerosos rituais que a vontade de Deus está sendo cumprida e o Reino construído. São os que agem com o coração sincero que estarão em comunhão com Deus. 

As leituras de hoje nos convidam a acolher e viver de coração a Palavra de Deus, pois ela trará vida, paz, segurança, liberdade, alegria e tudo o que é bom para todos. Jesus nos deixou o exemplo de como acolher e praticar a Palavra de Deus, pois tudo o que ele fez estava em plena comunhão com os mandamentos de Deus Pai. Jesus foi aquele que agiu conforme o Deus do Deuteronômio, próximo e solidário daqueles que sofrem.

Nos tempos atuais são muitas as pessoas que usam várias práticas devocionais, costumes e práticas religiosas que não tem nenhuma ação que transforme o nosso ambiente, o nosso mundo, ou seja, que contribuam para que o Reino aconteça. A religião que Deus quer é aquela que nasce da Palavra plantada por Ele em nossos corações e que nos transforme e transforme o mundo. como diz o salmo responsorial que “aquele que é fiel habitará em sua casa”.


Irmã Nádia Lucia Souza Cotta

Leia Mais

32º Domingo do tempo comum

10 de Novembro 2024 “O que Deus espera de nós” Neste domingo a liturgia

SOLENIDADE TODOS OS SANTOS

DOMINGO 03 DE NOVEMBRO 2024 Deus nos chama à santidade e nossa resposta é

30º DOMINGO DO TEMPO COMUM

“Soltai brados de alegria….O Senhor salvou seu povo.” A liturgia deste domingo é um

28º Domingo do Tempo Comum

ESPLENDOR QUE NÃO SE APAGA Estamos já quase no final do ano litúrgico. Sim,

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM

29 de setembro de 2024 “Não o impeçais, pois quem não está contra nós,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *